Todos querem uma União Europeia diferente

A campanha oficial começa dia 13 e já são conhecidas as propostas dos candidatos às eleições europeias do dia 26 de maio. Há manifestos para todos os gostos, mas ninguém está satisfeito com a forma como funciona a União Europeia. «Mudar», «revogar», «lutar» ou «refundar» são algumas das expressões utilizadas nos programas políticos. Há cinco…

Uma Política ‘amiga do crescimento’ – PS

OPS vai fazer campanha com a garantia de que o modelo aplicado pela ‘geringonça’ é um sucesso e é preciso replicá-lo na UE. «Impõe-se que, tal como sucedeu em Portugal, a política económica e orçamental da União Europeia se torne mais amiga do crescimento e do emprego», lê-se no Manifesto do PS. Para os socialistas, que venceram as europeias há cinco anos com 31,4%, a Europa «precisa de mudar e de fazer bastante mais e melhor para corresponder à legítima expetativa dos seus cidadãos, porque é essa «a melhor resposta ao populismo»O PS defende uma política orçamental europeia «mais favorável ao crescimento e um plano de investimento para  estimular o crescimento». O manifesto  defende ainda como prioridades o combate ao trabalho precário, a promoção de efetiva igualdade de género e o reforço da proteção dos mais vulneráveis. 

Europeísmo crítico e realista – PSD

O PSD considera que estas eleições são «as mais importantes da nossa história democrática europeia e nacional» e devem dar «uma resposta enérgica» ao relançamento do projeto europeu. O manifesto eleitoral dos sociais-democratas, que voltam a apostar em Paulo Rangel e conseguiram quase 28% dos votos em 2014, recusa «veementemente» a vaga «populista» e preconiza um «europeísmo realista, que é crítico, pragmático e reformista». O manifesto apresenta propostas concretas e uma das prioridades é a concretização de  um Plano Europeu de luta contra o Cancro. «É plausível duplicar a taxa de cura de tumores malignos e subir a taxa de sucesso do cancro infantil de 80% para 90% em 10 anos». O PSD aposta também em promover medidas para apoiar a juventude, nomeadamente um programa europeu para a criação do primeiro emprego de jovens até aos 35 anos.

Saída da moeda única negociada – PCP

O PCP defende que Portugal deve sair do euro. «A criação de um programa de apoio aos países cuja permanência no Euro se tenha revelado insustentável, que preveja a devida compensação pelos prejuízos causados e enquadre a sua saída negociada da Moeda única e a recuperação da soberania monetária, cambial, orçamental e fiscal». Os comunistas voltam a apostar em João Ferreira como cabeça de lista e entendem que «Portugal tem de romper com o rumo de crescente submissão e subordinação externas». O programa do PCP defende ainda «a revogação do Tratado Orçamental, a «renegociação das dívidas públicas» e «a rejeição do aprofundamento da União Económica e Monetária e a adoção de medidas com vista à sua dissolução». O PCP conseguiu 12,68% dos votos nas últimas eleições europeias e três eurodeputados. 

Uma Europa humanista e solidária – CDS

O CDS apresenta-se como um partido «profundamente europeísta», mas rejeita uma Europa federalista. Os centristas voltam a apostar em Nuno Melo para liderar a lista e defende que promete «ser a voz dos portugueses numa Europa humanista e solidária entre as várias gerações e que olha para a coesão social como prioritária. Uma Europa social e responsável». OCDS concorreu nas últimas eleições em coligação com o PSD e elegeu um eurodeputado. Uma das prioridades traçadas é conseguir «um reforço das políticas de coesão e maior justiça na distribuição dos fundos da Política Agrícola Comum, e aumento do orçamento da UE». Para o partido de Assunção Cristas, Portugal «deve, conscientemente, permanecer no euro e lutar por uma moeda única que sirva os seus interesses e que possibilite que a sua economia cresça de modo sustentado».

Referendo sobre Tratado Orçamental – BE

O BE defende a realização de um referendo sobre o Tratado Orçamental. O manifesto eleitoral dos bloquistas preconiza que o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) e o Tratado Orçamental «têm em comum a imposição de políticas orçamentais que promovem ou agravam crises, fomentando o desemprego e exercendo uma pressão permanente para a redução do peso da despesa em serviços públicos e políticas sociais». OBE, que volta a apostar em Marisa Matias como cabeça de lista e nas últimas europeias conseguiu 4,56% dos votos e um eurodeputado, defende que é necessário manter «o projeto de uma Europa de democracia, liberdade e solidariedade» e esse compromisso «impõe a insubmissão à União Europeia dos tratados e das regras do euro». Para o BE, a UE «está à deriva. Amarrada a tratados que impõem o ataque ao Estado social e aos salários». 

Refundar e apostar na coesão social – Aliança

A Aliança, que concorre pela primeira vez a umas eleições, defende que é preciso «refundar a Europa para dessa forma a salvar»  e isso só é possível se forem corrigidos os erros da integração europeia. A Aliança surge como um partido que acredita no projeto europeu, mas recusa «dogmas sobre a construção europeia». Para o novo partido de Pedro Santana Lopes, o «caminho passa pela efetiva coesão social e económica entre os Estados membros da União». A primeira proposta da Aliança passa por «reformular os eixos operacionais do programa 2021/27 para concentrar os esforços de investimento no crescimento económico». O novo partido de centro-direita promete ainda defender «um programa europeu de fomento económico» e  «o cartão vermelho por parte dos parlamentos nacionais no processo legislativo ordinário europeu».

Comissário para os animais – PAN 

OPessoas-Animais-Natureza quer criar a figura de Comissário Europeu para a Proteção, Saúde e Bem-Estar Animal. Estas é uma das 224 propostas do partido que tem como cabeça de lista Francisco Guerreiro. No capítulo dos animais, o PAN pretende «aprofundar legislação e regulamentação que termine com a utilização de animais em espetáculos nomeadamente circos com animais, corridas com cães, tiro ao voo, touradas e quaisquer outros eventos tauromáquicos». OPAN, que quer eleger um eurodeputado, apresenta-se como um partido que acredita no projeto europeu e tem como grande objetivo a construção de uma Europa «baseada num novo modelo económico e social mais justo, equitativo, e ecológico, e com mais direitos para os animais». OPAN conseguiu mais de 56 mil votos nas últimas eleições europeias, insuficientes para eleger qualquer eurodeputado. 

Marinho volta a prometer rutura – PDR, Basta, Livre e IL

Marinho e Pinto foi a surpresa das últimas europeias. Elegeu dois eurodeputados com mais de 7% dos votos e ficou à frente do BE . O advogado concorreu na altura pelo MPT, mas entrou em rutura com o partido e criou o PDR. Depois de ter anunciado o fim da vida política, Marinho e Pinto recuou e recandidata-se. O manifesto do PDR defende que «a Europa precisa de uma rutura» e de «uma refundação democrática». A coligação Basta!, liderada por André Ventura, apresenta-se pela primeira vez nestas europeias e tem como prioridades a redução os impostos, a prisão perpétua para crimes graves e a castração química para pedófilos. A Iniciativa Liberal também se apresenta pela primeira vez: a lista liderada por Ricardo Arroja também está na luta pela eleição de um deputado. Já o Livre, que nas últimas eleições conseguiu 2,18% dos votos, junta-se aos partidos que querem eleger um eurodeputado.