A administração do Hospital Dr. José de Almeida é acusada de falsificar resultados clínicos e algoritmos do sistema de triagem da urgência para aumentar as receitas que são pagas à parceria público-privada, de acordo com a estação televisiva de Paço de Arcos. A SIC deu ainda conta de suspeitas de ter sido acrescentada informação clínica nas fichas dos doentes, alegadamente para aumentar a severidade e as comorbidades dos utentes.
Os funcionários entrevistados pela equipa Investigação SIC explicaram ainda que eram incentivados a aligeirar sintomas ou os casos de doentes, para que os algoritmos da Triagem de Manchester resultassem numa cor de pulseira verde em vez de amarela, por exemplo. O objetivo era que os tempos máximos de espera dos casos mais urgentes não fossem ultrapassados.
Recorde-se que esta triagem funciona por cinco cores: a primeira, a vermelha, corresponde aos utentes em situação mais grave que necessitam de atendimento imediato e, a última, a azul, aos doentes que podem aguardar atendimento durante 240 minutos.
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, referiu, esta terça-feira, na Comissão de Saúde do Parlamento que esta situação é “particularmente grave, sobretudo a alteração da prioridade dos doentes em contexto de serviço de urgência”. Adiantou ainda que “vai intervir para perceber o que está a acontecer".
Segundo a reportagem, no contrato celebrado entre a Lusíadas Saúde (entidade gestora do Hospital de Cascais) e o Estado português, consta que “as urgências em Cascais são pagas com base na disponibilidade do serviço, o que implica cumprir os tempos de espera".
Se a alegada fraude for confirmada, o valor do financiamento recebido pelo hospital terá sido o motivo para esta deturpação de resultados, na medida em que o valor atribuído é calculado através do case-mix: um índice que reflete a maior ou menor complexidade das situações dos utentes analisadas em unidades de saúde.