Margarida Rolo, a professora que é acusada de ter matado o marido, em 2018, em Abrantes, com 79 facadas e setes golpes de martelo, afirmou ao Tribunal de Santarém que agiu em legítima defesa e que era vítima de violência doméstica.
Segundo a agência Lusa, a professora, que assumiu a culpa do crime, confessou arrependimento. No entanto, não consegue explicar a frieza e a extrema violência com que agiu. A mulher alega que perdeu a noção do que estava a fazer e garante que nunca pensou matar o marido.
Recorde-se que, de acordo com a acusação do Ministério Público, no dia 16 de agosto de 2018, a suspeita conseguiu que o marido ingerisse, à hora de jantar, alguns medicamentos que lhe viriam a provocar sonolência. A mulher, que começou por combinar um café com uma amiga, saiu depois de casa e levou os filhos para o encontro. Já no carro, Margarida Rolo deu a desculpa de que precisava regressar a casa para ir à casa de banho. Enquanto o marido, José Duarte, dormia num sofá no alpendre do jardim, a mulher começou a desferir golpes na cabeça do mesmo com um martelo.
Em Tribunal, Margarida Rolo não conseguiu explicar por que razão José Duarte tinha vestígios de alprazolam (ansiolítico) e mirtazapina (antidepressivo) no sangue.
Questionada acerca do facto de ter dito aos vizinhos e , posteriormente, à PSP, que tinham sido assaltados, a arguida reconheceu que mentiu para que não pensassem que tinha sido ela.
Já sobre o facto de ter cometido o crime enquanto os filhos estavam à porta de casa, no carro, Margarida Rolo diz que teve “tanto medo” que não raciocinou.
A arguida referiu ainda que era constantemente ameaçada pelo marido e que, na noite do crime, o marido lhe havia dito para ir ao parque e surgir “viçosa”, refere a agência Lusa. Assim, a mulher alega que associou as palavras de José Duarte à ameaça de que a queria ver a fazer sexo "com outras pessoas, incluindo travestis".
A defesa de Margarida Rolo procurou ainda, no seu interrogatório, demonstrar a ocorrência de violência doméstica através de relatórios médicos. Alguns dos documentos datam de 2012, altura em que a arguida começou a ser seguida em gastrenterologia devido a uma fissura no ânus – algo que a arguida defende ter sido causado pelo facto de ter sido forçada a fazer sexo anal.
Outros relatórios são de 2016 e de 2017, e dão contam de uma fratura no joelho, um deslocamento num pé, ansiedade e instabilidade emocional. A professora alega ter sido violada na noite do último relatório.
Sobre a possibilidade de divórcio, a mulher alega que nunca a colocou por “medo”.
Recorde-se que Margarida e José estiveram casados 14 anos. Os filhos, ambos menores, continuam a viver na mesma casa e estão ao cuidado dos avós.
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