Jovem que pediu para ser castrado começa a ser julgado na segunda-feira

O arguido, que admitiu querer recorrer à castração química mas não estar arrependido pelos abusos sexuais que cometeu, começa a ser julgado no próximo dia 20 de maio. No processo, há referência a vítimas com um mês de vida. O jovem abusava sexualmente de familiares, como sobrinhos e primos.

Acusado de 583 crimes de abuso sexual de crianças e de 73 mil e 577 de pornografia de menores, o homem “filmava e fotografava para, posteriormente, divulgar e partilhar tais ficheiros com outros indivíduos também apreciadores de conteúdos de abusos sexuais de crianças” de acordo com a acusação do Ministério Público.

Segundo o mesmo documento, a que a agência Lusa teve acesso, o arguido abusava sexualmente de oito menores: incluindo sete familiares, ou seja, dois sobrinhos e cinco primos. O suspeito realizava os factos criminosos com a conivência dos pais e de duas primas, quatro dos outros arguidos do processo.

No despacho da acusação a que a agência Lusa teve acesso, pode ler-se que o alegado abusador de 25 anos morava com os pais numa residência em Águeda, em Aveiro. Desde 2014, a irmã e o cunhado viviam com eles. Sendo que os dois filhos da irmã do arguido residiam com o mesmo.

Quando a irmã e o cunhado se ausentavam, as crianças ficavam com o tio ou os avós. A acusação adianta que entre 2013 e 2017, o arguido abusou sexualmente das crianças que frequentavam a sua residência.

O Ministério Público avança também que, pelo menos desde novembro de 2015, o jovem de 25 anos geriu uma rede restrita a um grupo privado, na dark web, onde “difundia filmes e imagens dos abusos sexuais, maioritariamente a bebés e crianças de tenra idade", à qual deu o nome de “Baby Heart”. Existiam critérios específicos para partilhar os conteúdos.

Em 2012, o arguido, à época com 19 anos, obtinha e partilhava ficheiros com crianças a praticar atos sexuais. Em 2017, foi condenado a pena suspensa de dois anos por esses factos, no entanto, a juíza justificou a decisão pela idade do arguido na condição de se “submeter a tratamento psicoterapêutico num hospital da região”.

Outro dos arguidos é um homem residente no concelho de Sintra, no distrito de Lisboa, que está acusado de 623 crimes de abuso sexual e pornografia de menores: 548 cometidos sobre o enteado de 5 anos e 75 sobre a filha bebé. O homem, de 39 anos, “filmou e fotografou” atos sexuais que manteve com as crianças e divulgou-os em diversos fóruns. Está em prisão preventiva.

Os pais do jovem de 25 anos foram acusados, cada um, de oito crimes de abuso sexual de crianças. As primas, de 25 e 27 anos, progenitoras de três das vítimas, responderão, no total, por 307 crimes de abuso sexual de crianças por omissão.

O que é a dark web? Na tradução literal para a língua portuguesa, significa internet obscura e diz respeito aos servidores inacessíveis por “vias normais”. Ou seja, para aceder a determinados endereços, é necessário deter softawares, configurações ou autorizações específicas. A dark web constitui uma pequena parte da deep web – a parte da internet que não está associada às ferramentas de busca. Deste modo, torna-se mais fácil cometer crimes pois a dark web é intencionalmente ocultada da “internet visível” através de sistemas de encriptação.

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