Retirada de condecorações a Joe Berardo é apoiada por comissão de inquérito

Governo garante meios legais para manter coleção de arte.

A Comissão Parlamentar de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos  deu ontem luz verde à iniciativa do CDS-PP para retirar as condecorações ao empresário Joe Berardo.

“Na sequência do pedido de parecer do senhor presidente da Assembleia da República, os vários grupos parlamentares concordaram em dar um parecer positivo à proposta do CDS-PP”, declarou Luís Leite Ramos (PSD), após uma reunião de coordenadores da comissão de inquérito. Ferro Rodrigues tinha pedido um parecer à comissão para tomar uma posição sobre o pedido dos centristas em vésperas da reunião do Conselho das Ordens Nacionais, entidade que vai avaliar se Berardo merece, ou não, manter o título de comendador e da Ordem Infante D. Henrique.

Entretanto, o PS solicitou os estatutos da Associação Coleção Berardo, “a sucessão de alterações aos estatutos, as atas de todas as Assembleias Gerais e os elementos identificativos da ação judicial de que a associação foi alvo”. Ou seja, aperta-se o cerco ao empresário que está na lista de grandes devedores da Caixa Geral de Depósitos.

Ontem foi ouvido na comissão de inquérito José Rui Gomes, ex-diretor de risco do banco público, que admitiu a concessão de crédito e restruturações de dívida do empresário sem a avaliação de risco entre 2007 e 2012. Neste processo estarão envolvidos 38 milhões de euros.

A polémica que envolve Joe Berardo tem várias frentes e uma delas é a sua coleção de arte, em exposição no Centro Cultural de Belém, ao abrigo de um contrato com o Estado. A ministra da Cultura, Graça Fonseca, garantiu ontem que o Governo tem “as necessárias e adequadas medidas legais” para acautelar que o espólio se manterá disponível para o público em geral. Só não quis dar “a satisfação” a Joe Berardo de dizer quais são esses mecanismos legais.