A população de Barão de Cocais, Minas Gerais, está em pânico com a possibilidade do rompimento da barragem da Mina de Gongo Soco, que poderá ocorrer entre 19 e 25 de maio, de acordo com o Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Teme-se uma tragédia semelhante à da barragem de Brumadinho, que causou pelo menos 241 mortos e 32 desaparecidos em janeiro deste ano.
Maria Júlia Andrade, coordenadora nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), disse à Agência Brasil que a maior preocupação é a possibilidade que o rompimento de um dos taludes da barragem gere uma movimentação sísmica que comprometa de vez a infraestrutura.
A empresa responsável pelas instalações, a mineradora Vale – que foi acusada de negligência no caso Brumadinho e obrigada a pagar indemnizações aos moradores – recebeu três alertas nos últimos meses para outras barragens em risco. Sobre este caso em específico as informações divulgadas pela Vale têm causado pânico geral, por não serem claras e surgirem “a conta-gotas”.
Nesta sexta-feira, a juíza Fernanda Machado fixou uma multa de 66 milhões de euros à Vale, caso a empresa não apresente em 72 horas os relatórios sobre riscos e impactos da rutura de uma barragem em Minas Gerais. O ministério exige um estudo sobre a possibilidade de um rompimento na mineração de Gongo Soco.
Para a coordenadora do MAM, “este problema já existia, mas ele só veio à tona agora. E o maior problema é que esta cava está localizada muito perto, a cerca de 300 metros, da barragem que já estava em risco máximo há mais de três meses”.
Luís Felipe Eboli, empresário local, confirmou que o medo da cidade sucumbir é constante. “Uma maré de lama vai envolver a cidade toda. Muitos já pensam no que fazer depois, sabendo que o turismo deixará de existir, bem como a atividade mineira.”, disse à Agência Brasil.
No passado sábado, 18 de maio, foi feita uma simulação de emergência em que participaram cerca de mil e seiscentas pessoas. A simulação consistia em reunir a população para dar indicações de como proceder em caso de uma evacuação real.