Europeias. O voto fútil criou tensão na direita

Nuno Melo considerou estratégia de Rangel para captar eleições abstencionistas um “insulto” e atacou o PSD porque o CDS não é uma muleta dos socialistas.

A expressão voto fútil, usada pelo cabeça-de-lista do PSD no passado domingo, irritou o CDS, ao ponto de levar os centristas a atacarem o PSD. Paulo Rangel defendeu em Esposende, no fim de semana, que só o voto no seu partido seria útil, porque “todo o voto fora do PSD é um voto fútil”. Ora, o cabeça-de-lista do CDS respondeu à letra porque a “expressão voto fútil acaba por ser um insulto”, disse citado pela Lusa. 

A declaração de Nuno Melo quebrou a regra de não se atacar diretamente o antigo parceiro de coligação e foi proferida ao lado da líder do CDS, Assunção Cristas, em Setúbal.

Com uma viagem de barco pelo estuário do Sado, dedicada ao Dia do Mar, Nuno Melo viu a sua oportunidade para clarificar as águas, assegurando que o CDS não serve de muleta a António Costa. Dito de outra forma: Nuno Melo quis dizer que o PSD poderá servir de muleta ao PS (ao contrário do CDS), em casos excecionais, e acenou ao eleitorado de direita com o cenário de um bloco central (um acordo PS/PSD).

“Não falo de futilidade em relação ao voto de quem seja porque respeito todos os adversários. Em democracia não há votos fúteis”, afirmou Nuno Melo. 

A líder do CDS, Assunção Cristas, que tem acompanhado Nuno Melo em campanha, concordou com a crítica, sobretudo porque os centristas não gostam da ideia de um bloco central. E a imagem de voto fútil, lançada por Rangel, recuperou velhos receios dos centristas. Assim, a mensagem política do CDS foi afinada para atacar os dois maiores partidos. “Seguramente, que o caminho para o futuro do país não é o socialismo, não são as esquerdas unidas e também não é um bloco central” defendeu Assunção Cristas, repisando o ataque Nuno de Melo. Este foi o efeito que a estratégia de apelo ao voto útil de Paulo Rangel teve no CDS.

Os socialistas também aproveitaram a expressão de Rangel para o atacar nas redes sociais. Mas não só. Em Sintra, o cabeça-de-lista socialista, Pedro Marques, também reagiu aos apelos do adversário social-democrata: “Se esse é um voto útil, é um voto útil nas sanções, é um voto útil nos cortes aqui em Portugal”, declarou o candidato socialista, citado pela Lusa.

Pesos pesados em campanha

A campanha eleitoral entrou na reta final, com oito dias completos, a percorrer o país, e os partidos chamam, agora, os seus mais destacados militantes. Ontem, o Bloco de Esquerda contou, mais uma vez, com um dos seus fundadores, Francisco Louçã, ao lado da cabeça-de-lista, Marisa Matias, em Espinho, numa feira onde a receção correu bem num concelho tradicionalmente mais à direita. 

Hoje, o PSD contará com Manuela Ferreira Leite, antiga líder do partido, ao almoço, em Ansião. O líder do PSD, Rui Rio, entrará mais três vezes em campanha, nos distritos de Aveiro, Lisboa e Porto, e os sociais-democratas terão ainda Luís Filipe Menezes ao lado de Paulo Rangel numa ação de campanha até ao final desta semana. 

Na lógica de tudo por tudo, o PS terá amanhã, em Setúbal, o ministro das Finanças, Mário Centeno, tal como secretário-geral do partido, António Costa, que terá participações diárias nos últimos três dias de campanha oficial. Na próxima quinta-feira será a vez de Pedro Marques, do PS, contar com Francisco Assis, na tradicional arruada na rua de Santa Catarina, no Porto e, no último dia de campanha entrará em campo Ferro Rodrigues, presidente do Parlamento, para encerrar a campanha na capital, Lisboa.