A relação de Joe Berardo com a Operação Furacão já tem mais de dez anos. Em termos gerais, a investigação foi desencadeada em 2005 e deu origem uma série de buscas em algumas das maiores empresas do país. Em causa estavam crimes de fraude fiscal qualificada e, segundo acusação do Ministério Público, as empresas serviam-se de esquemas de otimização fiscal, ou seja, fugiam aos impostos.
Na altura, foram também descobertas transferências que indiciavam branqueamento de capitais, envolvendo pessoas e empresas portuguesas, muitas delas utilizando paraísos fiscais (offshores).
As diligências foram mais de meia centena e, entre as empresas investigadas, estava uma de Berardo – a Fábrica de Tabaco Estrela, em Ponta Delgada, detida pela Empresa Madeirense de Tabacos. Em 2008, as operações realizadas tinham levado à constituição de mais de 200 arguidos. Nesse ano, os investigadores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) – que ficaram na fábrica durante um dia inteiro – levaram documentos, suporte informático e cópias de discos rígidos para avaliar alegadas ligações a fraude fiscal. A Empresa Madeirense de Tabacos então propriedade de Joe Berardo e do também madeirense entretanto falecido Horácio Roque, através da holding pessoal – a Rentipar. As buscas não se resumiram a esta emprese e também a residência de Berardo foi investigada. Além disso, o DCIAP esteve na Metalgest, sociedade a partir da qual Berardo gere as aplicações financeiras, e no Hotel Savoy, detido por Berardo e Horácio Roque.
Para evitar julgamento, a Empresa Madeirense de Tabacos regularizou 534 mil euros de IRC e Berardo 390 mil de um IRS em falta.
Em 2016, a Operação Furacão chegou, finalmente, a julgamento. Segundo o MP, os esquemas de fraude terão lesado o Estado em mais de 36 milhões de euros, sendo que faltava regularizar à finanças cerca de 26,2 milhões.
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