A estação de rádio TSF emitiu esta manhã um fórum de discussão, dedicado aos pequenos partidos que também estão na corrida às eleições deste domingo. Partido Livre, Partido Unidos dos Reformados e Pensionistas (PURP), o Movimento Alternativa Socialista (MAS), a Iniciativa Liberal (IL), o Partido Nacional Renovador (PNR), o Partido Trabalhista Português (PTP), o Pessoas Animais e Natureza (PAN), Aliança, Nós, Cidadãos! e o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP) foram ouvidos.
Já André Ventura do partido Basta não aceitou o convite para participar e houve uma impossibilidade de estabelecer contacto com António Marinho e Pinto, do Partido Democrático Republicano (PDR).
Rui Tavares, cabeça-de-lista do partido Livre, afirmou que as pessoas que nele trabalham, elegem-se pela democracia e é preciso uma Europa que tem de passar a ser uma democracia em si. É necessária, como disse, “uma Europa democrática que possa falar cara a cara com os Trumps e Putins”. O Livre tem, como explicou o candidato ao Parlamento Europeu, um plano para combater as alterações climáticas. Acreditam também que uma economia verde é geradora de mais empregos. De acordo com a sua apresentação no próprio site, os princípios que defendem, aprovados em 2013, são o universalismo, liberdade, igualdade, solidariedade, socialismo, ecologia e europeísmo. Em 2014, o Livre teve 2,2% de votos nas Eleições Europeias.
O MAS, um partido de esquerda anticapitalista, que tem como número um na sua lista Vasco Santos, apresenta “por uma Europa sem muros nem austeridade”como frase chave de campanha. No seu depoimento, Vasco Santos admite que o MAS quer “uma Europa diferente”, que não seja como a “dos Ricardos Salgados, dos Oliveira e Costa e dos Berardos” uma Europa de, insistiu, “elites”. No MAS “achamos que é necessário combater a precariedade” e “defendemos a nacionalização dos setores estratégicos”, esclarece. A mudança para um salário mínimo de 900 euros é uma das propostas. Vasco Santos critica ainda os tribunais e Estado portugueses que “têm sentenças machistas” e que isso precisa de ser alterado. Por último deixou clara a ideia de que “a Europa não pode continuar a ser uma Europa fortaleza, mas solidária”, para os refugiados, minorias e de ajuda no combate à pobreza.
João Patrocínio, candidato pelo PNR, partido ultranacionalista fundado em 2000, criticou os meios de comunicação social por não darem “voz aos novos partidos”. É objetivo, como explicou, manter antigas ligações com outros países europeus e controlar as fronteiras. “Nós temos as soluções para as pessoas.”, afirmou João Patrocínio, e como tal, precisam de espaço nos meios de comunicação para as poder mostrar. O símbolo deste partido é uma chama, símbolo de luz e união, com as cores presentes nos símbolos mais remotos da Nação, segundo a explicação presente no site do PNR.
Aliança, partido criado pelo Santana Lopes, também teve o seu espaço. O cabeça-de-lista, Paulo Sande, falou sobre algumas propostas. “A Europa tem que regressar ao seu estado natural, de coesão, de uma Europa solidária”, afirma. Há na opinião do partido uma “má transposição de leis europeias para as nacionais”. Têm ainda como objetivo, participar nas escolhas, alterações e aplicações das leis, no Parlamento Europeu. “Queremos muito uma Europa tecnológica”, acrescentou Paulo Sande, focando a importância da inteligência artificial. O candidato disse ainda que “a linha forte” do programa é “a mudança”. Em declarações à SIC, Santana Lopes explicou também que os candidatos, se ganharem, vão dizer no Parlamento que a Europa tem de apoiar Portugal. Há 33 anos que o país pertence à União Europeia. Já recebeu 130 mil milhões de euros e continua “a três quartos, 75% do nível de vida médio dos outros cidadãos europeus”.
Paulo Morais do partido Nós, Cidadãos! na sua participação no fórum, apontou três pontos chave: “esta é a candidatura da transparência e de combate à corrupção”; a preocupação com a ecologia, ambiente e saúde, e a “descarbonização da economia”. Evidenciou que querem combater a corrupção que é feita com os fundos europeus e que “a Europa cresce, cresce, e nós continuamos na cauda”. Este partido foi fundado em 2015. Em 2017 conseguiu eleger, nas autárquicas, um presidente de câmara, quatro vereadores, 15 deputados em Assembleias Municipais e 42 presidentes e vogais, em Juntas de Freguesias.
Quanto ao PURP, partido fundado no ano de 2015, pela voz de Fernando Loureiro, presidente do mesmo, apresenta-se como um partido pronto a lutar pelos reformados mais desfavorecidos. Tem como objetivo ser a sua voz política, a sua representação. Entre as diversas medidas, pretende agir perante a situação climatérica existente e aumentar o salário mínimo para 850 euros.
Ricardo Arroja, de 41 anos, cabeça-de-lista da Iniciativa Liberal apresentou as principais ideias. No seu discurso encontra-se um foco na ligação entre Portugal e Europa, dando relevância à necessidade que existe dos portugueses se importarem com o que se passa além-fronteiras. Segundo o candidato, “as decisões europeias têm impacto nas nossas vidas”, sendo que 80% das leis são feitas na Europa e esta é fonte de 80% do investimento público português. Nesta medida, Ricardo Arroja assume que “não faz sentido que existam barreiras administrativas e corporativas na Europa”, defendendo a existência de uma futura Europa com mais oportunidades para os portugueses. O cabeça-de-lista do IL pretende alcançar uma maior liberdade económica, caminhando para um Portugal com menos burocracia e impostos.
De centro-esquerda, o PTP, fundado em 2009, pretende aumentar as bolsas europeias do emprego, “para que os jovens possam trabalhar onde quiserem”, como expôs Gonçalo Madaleno, cabeça-de-lista do partido, na sua intervenção. Enfatizou a necessidade de defesa de uma ligação entre os estudantes, tendo como objetivo melhorar as condições do Erasmus, aumentando as equivalências nos cursos e os protocolos entre entidades, de modo a promover uma maior união entre os jovens dos mais diversos países. Outra das grandes preocupações do partido recai sobre as famílias e respetivas habitações.
Focado essencialmente nas medidas ambientalistas, surge o PAN, com Francisco Guerreiro como representante. O partido apresenta um conjunto de mais de 200 medidas, nomeadamente a declaração de estado de emergência climática. Surgem também o reforço do programa de Erasmus, igualmente apresentado pelo PTP, assim como a descarbonização da economia. Um dos objetivos passa por acabar com a corrupção, como Francisco Guerreiro refere, afirmando que quer “acabar com os paraísos fiscais na Europa”. Como um incentivo ao voto, o cabeça-de-lista do PAN apela sobretudo às “pessoas a votar, seja no PAN, seja noutro partido”.
O fórum contou com a participação de ouvintes que na grande maioria criticaram os grandes partidos pela campanha muito nacionalista que estão a fazer, sendo que o foco devia ser a Europa. A crítica aos media, pelo espaço maioritário que lhes têm reservado também esteve presente.
Anselmo Crespo, subdiretor e editor de política da TSF, afirmou que “nem todos os partidos considerados pequenos têm o mesmo papel e a mesma relevância” para a democracia, declarando que “há partidos absolutamente virtuais” com “campanhas eleitorais praticamente inexistentes”. Porém, completa que “não é caso de todos os partidos chamados pequenos e estas eleições são a prova disso mesmo”.
Segundo o inquérito realizado online pela TSF, no decorrer do fórum, 64% dos ouvintes consideram que os partidos mais pequenos estão a desempenhar um papel importante na campanha, enquanto 7% afirmam não ter opinião.