O motorista da Uber, Yusuf Abdi Ali, foi condenado no Estado da Virgínia, esta terça-feira, por tortura e crimes de guerra durante a guerra civil da Somália, nos anos 80. As provas foram apresentadas por uma das suas vitimas, Farhan Mohamoud Tani Warfaa, que disse em tribunal ter sido torturado em 1988 por Ali e os seus homens.
Na época, segundo a vitima, Ali dava pelo nome de Coronel Tukeh, um senhor da guerra temido pela população. Nos documentos fornecidos ao tribunal, Warfaa, diz que foi raptado e espancado por soldados sob o comando de Yusuf Abdi Ali, como avançou a CNN.
Warfaa contou ao tribunal como passou horas com as mãos e os pés amarrados atrás das costas, acrescentando que o próprio Yusuf Abdi Ali o baleou várias vezes à queima-roupa. O júri validou o seu testemunho, responsabilizando Ali pela tortura sofrida por Warfaa e condenou Ali a indemnizá-lo em 500 mil dólares, cerca de 448 mil euros.
“Foi uma longa jornada em busca de justiça pelo que aconteceu comigo e com a minha comunidade”, comentou Warfaa após o veredicto. E considerou: “O veredicto de hoje foi uma justificação não só para mim, mas também para muitos outros na Somalilândia”.
O advogado de defesa, Joseph Peter Drennan, disse à CNN que o seu cliente foi condenado num caso com profundas raízes politicas e que pretende beneficiar a Somalilândia, região separatista da Somália. “Yusuf Abdi Ali foi responsabilizado porque era um comandante de um exército que serviu sob um regime que tinha um histórico pobre de direitos humanos. Mas além do testemunho do queixoso não havia praticamente nenhuma evidência de que Ali torturou alguém” afirmou Joseph Peter Drennan.
Contudo a investigação indica o contrário, que para além do caso de Warfaa, Ali esteve envolvido em diversos outros casos de tortura enquanto comandante militar.
Segundo o advogado de Ali, o seu cliente perdeu o emprego na Lyft e foi afastado das suas funções na Uber, portanto não terá capacidade financeira para arcar com a indemnização imposta pelo tribunal.