Algumas das imagens mais fortes no rescaldo da final da Taça de Portugal foram protagonizadas por Sérgio Conceição. Ficou bem patente a tristeza do treinador do FC Porto, filmado várias vezes a chorar compulsivamente após a derrota nos penáltis, mas também a recusa em cumprimentar Frederico Varandas, presidente do Sporting, já na tribuna presidencial do Estádio do Jamor e após receber a medalha de finalista vencido.
O dirigente máximo dos leões estendeu a mão para Conceição, que já havia cumprimentado Marcelo Rebelo de Sousa, Eduardo Ferro Rodrigues e Tiago Brandão Rodrigues, mas o treinador dos dragões não retribuiu, apontando ainda o dedo a Varandas e dirigindo-lhe algumas palavras. Pouco depois, ao passar para a zona de trás da tribuna, Sérgio Conceição, sempre com cara de poucos amigos, ainda voltou a dirigir mais algumas palavras ao ouvido de Frederico Varandas antes de regressar ao relvado.
Na conferência de imprensa que se seguiu ao jogo, e questionado sobre o assunto, o treinador do FC Porto foi perentório. "Não quero explicar", disse, com o assessor de imprensa dos dragões a solicitar de imediato a próxima pergunta. É possível que a atitude de Sérgio Conceição seja relativa ao procedimento disciplinar pedido contra si pelo Sporting durante a semana, na sequência dos incidentes registados no fim do clássico do passado fim de semana, no Dragão.
Em relação ao desfecho do encontro, Sérgio Conceição considerou injusto o triunfo do Sporting no desempate por grandes penalidades. "Era super-merecida a nossa vitória, fomos superiores. É cruel, porque é um grupo de trabalho que fez tudo para conseguir ganhar esta taça. Era merecido. Sentimos muito o que é o nosso clube, a nossa profissão e estamos todos com o mesmo sentimento de frustração. Trabalhámos de forma incrível para ganhar o jogo hoje, mas acabámos por perder. A vida é feita destas derrotas, mas estas derrotas custam muito. Mas vai tornar-nos mais fortes de certeza no futuro. O que posso prometer é esta grande vontade de ganhar, vão haver mais finais e vamos ganhar com certeza", atirou o técnico.
Sobre as lágrimas derramadas, o treinador portista (que perdeu a segunda Taça enquanto treinador, depois da primeira em 2014/15, também frente ao Sporting e também no desempate por penáltis) garantiu não sentir qualquer tipo de embaraço. "Não tenho vergonha nenhuma de deitar uma lágrima. Sou apaixonado pela vida e o meu grupo era o reflexo disso. Teve uma crença no jogo incrível. A crueldade esteve no seu ponto máximo. Momento mais difícil? Não foi por perder em penáltis, foi por perder a Taça. Fizemos mais do que o suficiente durante os 90 minutos para nem sequer precisarmos do prolongamento. Os primeiros 20 ou 25 minutos foram equilibrados, depois começámos a ter o jogo. O lance a acabar quando a bola ia para fora e há um desvio do Danilo… A equipa mostrou alma e crença em ganhar. A segunda parte foi completamente controlada, criámos ocasiões, duas bolas nos postes. Até com facilidade chegámos a criar situações de finalização. Num cruzamento, o Sporting fez o 2-1. Não foi por aí, pois continuámos à procura e conseguimos marcar, em cima do final, num ambiente difícil, com o Sporting já a perder tempo. Mesmo dando um minuto, conseguimos fazer um golo e depois perdemos nos penáltis. É muito injusto", sublinhou.