Aos 85 anos, Álvaro Siza Vieira assina o seu primeiro projeto nos Estados Unidos: 611 West 56 St by Álvaro Siza. Uma torre residencial de 120 metros de altura, no bairro de Hell’s Kitchen, em Manhattan, conhecido pelos seus bares e restaurantes.
O projeto, que tinha sido já anunciado em 2016, foi desvendado na quarta-feira no Lincoln Center, em Nova Iorque, perante uma audiência de duas centenas de pessoas. A apresentação ficou a cargo de Guta Moura Guedes, convidada para comissariar uma exposição de obras de artistas portugueses – Gonçalo Barreiros, João Queiroz e Catarina Dias – que ficarão depois em exibição no hall de entrada do edifício.
Em conversa com o crítico de arquitetura norte-americano Paul Goldberger, Siza Vieira confessou que não esperava vir ainda a ter a oportunidade de construir em Nova Iorque. «Para qualquer arquiteto, as hipóteses de construir algo em Manhattan são muito pequenas», afirmou durante a apresentação do projeto, encomendado ao arquiteto português pelas empresas Sumaida+Khurana e LENY. «Com a minha idade, pensava que ninguém me ia convidar».
No seu site, a Sumaida+Khurana – responsável também pelo primeiro edifício em Nova Iorque do reconhecido arquiteto japonês Tadao Ando (Prémio Pritzker em 1995) – detalha que se trata de um edifício de 80 residências (com tipologias que variam entre T1 e T4, além de penthouses) dispostos ao longo de 37 andares numa torre de 120 metros de altura. Além de um jardim na cobertura e de vários espaços verdes privados, o edifício conta ainda com uma piscina, um centro de spa e fitness, um parque infantil, uma sala de cinema e um espaço para receber eventos privados.
À revista de design e arquitetura Wallpaper, Amit Khurana, parceiro fundador da Sumaida + Khurana, uma empresa de desenvolvimento de projetos imobiliários de luxo sediada em Nova Iorque, congratulava-se pela colaboração com «um dos arquitetos mais celebrados do mundo» naquele que seria o seu primeiro projeto não só em Nova Iorque, como em território norte-americano. «Acreditamos que este projeto captará a elegância e a profunda subtileza que caracterizam o seu trabalho. A sua sensibilidade e mentalidade colaborativa ensinam-nos tanto sobre a humanidade como sobre arquitetura».
E descrevia o edifício que passará a fazer parte da paisagem de Nova Iorque como uma torre que «se expressa através de uma grelha vertical de proporções e uma profundidade elegante que se ergue graciosamente entre as torres de vidro vizinhas». Os trabalhos de demolição e nas fundações já começaram.
Peça exclusiva para a Antarte
Álvaro Siza Vieira, que no próximo mês completa 86 anos, é o mais premiado dos arquitetos portugueses. Além do Prémio Pritzker, em 1992, foi distinguido com a Medalha de Ouro do Royal Institute of British Architects e, em 2012, com Leão de Ouro de carreira na Bienal de Arquitetura de Veneza (no ano passado entregue a Eduardo Souto de Moura).
Esta semana, foi também anunciada uma colaboração do arquiteto portuense com a marca portuguesa de mobiliário e decoração Antarte, que resultará numa peça de autor de edição limitada que, segundo a empresa, será apresentada ainda este ano.
Na próxima semana, Siza Vieira marcará presença nas Conferências do Estoril, como um dos oradores convidados do painel Pritzker Laureates on Architecture and the Right to Happiness. Uma conversa sobre arquitetura e o direito à felicidade que o juntará a Eduardo Souto de Moura, com moderação de Eduarda Lobato de Faria, da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa.