Em termos nacionais, as principais conclusões a retirar das eleições de ontem são, por um lado, a enorme machadada nos chamados partidos do ‘centrão’ (PS e PSD) e, por outro, a esmagadora vitória da esquerda (com destaque para os resultados do BE e do PAN) sobre a direita.
Com efeito, Europa à parte, o ‘centrão’ passou a ‘centrinho’ e, pelo menos com os atuais líderes e principais protagonistas, tão cedo não há de permitir uma nova maioria absoluta em Portugal. É por isso que, muito embora o PS tenha sido o partido vencedor das eleições de ontem, António Costa continua a não ter motivos para grandes festejos: definitivamente, não é o líder em quem o povo se revê nem pode ter ilusões quanto a eventual maioria absoluta.
Mas quem também, se algumas ilusões tinha, as pode definitivamente deixar de ter são os líderes dos dois partidos da direita: Rui Rio e Assunção Cristas. Ambos a prazo, e breve. O líder do PSD pode inventar as equações que quiser e dar todas cambalhotas e mais algumas. Não há mesmo volta a dar: Rio não nasceu para a política nacional. Quanto a Cristas, está esgotada como presidente do CDS-PP. Curiosamente, Nuno Melo (de quem tanto se falou para a liderança dos centristas no momento da sucessão de Paulo Portas) também pode arrumar as botas, no mínimo, por uns tempos. E Mota Soares idem. Aliás, também por isso estas eleições foram calamitosas para o CDS-PP.
Como também o foram para o PCP, claramente derrotado no confronto com o outro partido à esquerda do PS, o BE. Em relação às europeias de 2014, as posições inverteram-se diametralmente: o PCP caiu para metade da votação que tinha e o BE dobrou-a. O que é muito significativo no rearranjo do quadro político-partidário nacional e obrigará a uma profunda análise e reflexão entre os comunistas.