77.762. É este o número de quilómetros de fibra ótica que a Altice teve de instalar no Maciço Central da Serra da Estrela para fazer com que toda aquela zona tivesse acesso à internet de última geração. É talvez o maior investimento naquela região nos últimos anos e dos que mais impacto teve na vida das populações.
Margarida Almeida Garrett tem uma das casas mais bonitas e mais isoladas de Unhais da Serra, no concelho da Covilhã. Ali, recebe pessoas de todo o mundo que procuram o interior de Portugal para passar umas férias descansadas. Quando montou o negócio, Margarida achava que as pessoas que procuravam o turismo rural queriam afastar-se das novas tecnologias e aproveitar a natureza. No entanto, com a experiência, foi percebendo que não era bem assim: os comentários nas plataformas de procura de hotéis eram, no que diz respeito a acesso a wi-fi, muito negativos. «As pessoas queixavam-se muito da Internet e isso influenciava na altura de reservar um quarto neste espaço. Mas o problema não era só esse: em relação às televisões, eu não podia pôr uma box em cada quarto. Agora está tudo diferente. Não ter uma única box e todas as saídas existirem através da fibra. Hóspedes que estão agora aqui disseram que, assim que o técnico ligou [a fibra ótica], o sinal da internet era muito bom», contou ao SOL a proprietária deste turismo rural.
Esta semana, o acesso à internet em Unhais da Serra passou a ser completamente diferente. Esta foi uma das 60 freguesias que beneficiou do investimento da Altice naquela zona. Com uma cobertura de 85% do território, mais de 144 mil pessoas dos concelhos de Covilhã, Gouveia, Manteigas, Seia, Fundão e Oliveira do Hospital têm agora um melhor serviço de conetividade.
Trata-se de um investimento que liga o Maciço Central de uma ponta a outra. Do outro lado da Serra da Estrela, em Folgosinho, no concelho de Gouveia, Pedro Almeida corre de um lado para o outro, entre a cozinha e a sala de refeições. O seu restaurante, o Albertino, é o mais conhecido e concorrido na zona. A aposta em comida típica portuguesa – como o bacalhau assado e a vitela no forno – e as doses generosas fazem deste estabelecimento um ponto de paragem obrigatória para quem passeia por aqueles lados. Pedro foi dos primeiros a pedir a instalação de fibra ótica. Já a tem há um ano, mas agora, com o investimento na zona, acredita que o serviço será ainda melhor.
«Temos muito movimento. Ao fim de semana temos cinco, dez, quinze autocarros com turistas que param aqui. Muitos deles fazem as marcações através da internet e é necessário temos acesso a esses meios para podermos melhorar os nossos serviços», disse ao SOL. «Este trabalho da Altice de investimento na região é importante para o nosso futuro. Hoje em dia a pergunta que mais se ouve é ‘qual é a password [do wi-fi]?’. Seja para se divertirem, seja para trabalhar», reforça.
Maior coesão social
Na passada quinta-feira, os autarcas dos seis municípios reuniram-se no Data Center da Altice, na Covilhã, para a cerimónia de inauguração deste projeto de infraestruturação em fibra ótica de nova geração. Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, elogiou a postura da operadora: «Trata-se de um projeto diferenciador, da maior relevância. Quando pedimos atenção relativamente ao interior, aqui está uma empresa privada, que não tem especiais obrigações do ponto de vista do serviço público, com um projeto que considero inclusivo, que tem uma natureza de responsabilidade social», frisou o autarca.
Esta ideia foi partilhada pelos restantes autarcas, que reforçaram a importância de existir uma crescente aproximação ao mundo digital para que se possa criar uma maior coesão social e melhores níveis de qualidade de vida no interior do país.
A Altice instalou nesta zona 78 mil quilómetros de fibra ótica – o diâmetro equatorial do nosso planeta é de cerca de 12.700 quilómetros. Alexandre Fonseca, CEO da Altice Portugal, revelou que, no total, o investimento da empresa naquela região durante o último ano já ultrapassou os 15 milhões de euros. «Trata-se de um investimento inédito, um investimento totalmente privado e, arrisco mesmo a dizer, o maior investimento privado aqui na região», disse aos jornalistas.
Este investimento nas zonas mais recônditas implica não só este processo inicial mas também manutenção ao longo do tempo. Em declarações ao SOL, Alexandre Fonseca explicou que isso não é um problema: «Temos equipas espalhadas por todo o país, que lidam com as mais diferentes situações. Em Trás-os-Montes, por exemplo, os técnicos têm de ter roupa para neve e carrinhas que subam montes e vales para chegarem aos sítios mais remotos. Isso decorre deste trabalho que estamos a fazer de infraestruturar o país todo. Outro exemplo é a ilha do Corvo, que tem cerca de 400 casas servidas com fibra ótica e apenas um técnico que está lá permanentemente. Quando o Corvo está completamente fechado devido às condições climatéricas, o nosso técnico faz fibra, faz reparações, faz tudo. São as características do nosso país».