É Rafael Nadal favorito para Roland Garros? A pergunta é um sacrilégio. Falamos do ‘rei da terra batida’, o melhor jogador de sempre neste piso, o recordista de 11 títulos nos Campeonatos Internacionais de França, torneio em que, nos dois últimos anos, cedeu apenas um set.
Para mais, o ‘Touro de Manacor’ esteve intratável na semana passada no Open de Itália, onde conquistou o seu nono título, um recorde mundial, a juntar outro, o de 34 troféus de Masters 1000.
Em Roma, o espanhol de quase 33 anos (espera celebrá-los em Paris a 3 de junho) só perdeu um set, na final com o seu arquirrival Novak Djokovic. Em cinco encontros e 11 sets disputados, venceu quatro partidas por 6-0 e outras três por 6-1!
«Nadal é o favorito n.º 1, sem dúvida nenhuma. Depois vêm todos os outros», disse, no domingo, o líder do ranking mundial, Djokovic, após perder por 6-0, 4-6 e 6-1.
No entanto, o sérvio está a fazer bluff, a colocar o peso da responsabilidade no espanhol, sentindo interiormente que está a jogar muito bom ténis e que será ele a vencer pela segunda vez em Paris, repetindo a proeza de 2016, ou seja, a somar um ‘Grand Slam a cavalo’ – deter ao mesmo tempo todos os títulos do Grand Slam.
Tal como em 2016, Djokovic surge no Open de França como o campeão de Wimbledon, US Open (ambos em 2018) e do Open da Austrália (em janeiro).
O Masters 1000 de Roma foi o primeiro título conquistado por Rafa desde o Open do Canadá em… agosto de 2018.
Um jejum de oito meses sem vencer qualquer título do ATP Tour? Isso nunca lhe tinha acontecido desde que conquistou o seu primeiro troféu em Sopot, em agosto de 2004.
Mesmo sabendo do calvário das lesões que teimam em persegui-lo, foi muito tempo e o próprio admitiu que ficou psicologicamente afetado e com a motivação minada quando, em março, desistiu das meias-finais de Indian Wells, devido a mais um problema físico.
Não me preocupei nada com as derrotas de Rafa nas meias-finais de Monte Carlo, Barcelona e Madrid. Caramba, não foi em primeiras rondas, mostrou-se competitivo, mas não estava ainda fisicamente no ponto. Era óbvio que quando se sentisse novo pujante o seu ténis devastador ressurgiria como se viu em Roma.
Mas também não dou grande valor à derrota de Djokovic no domingo. O sérvio estava ‘rebentado’ pelas maratonas em sessões noturnas nos dias anteriores. Não era ele na final.
Na final de Roland Garros poderemos ter outro Rafa-Djoko como na Austrália e ambos poderão estar ao seu melhor nível. Nesse cenário, não dou favoritismo a nenhum, mesmo sendo Rafa o ‘rei da terra’.