Nuno Mendes, mais conhecido como Mustafá, acusou esta terça-feira o antigo inspetor da Polícia Judiciária (PJ) e antigo vice-presidente do Sporting, Paulo Pereira Cristóvão, de o ter “usado” para fazer os assaltos a duas residências em Cascais e Lisboa.
Durante o julgamento, Mustafá alegou que só entrou para o esquema para “fazer um favor a um amigo”.
“Quero assumir aqui as culpas, estou arrependido, quero pedir desculpas às vítimas e estou disposto a compensar as vítimas. Longe de mim pensar que aquilo eram roubos, para mim eram cobranças. Nunca fui a casa de ninguém nem apontei armas. A pior coisa que me aconteceu na vida foi ter conhecido este senhor”, afirmou, referindo-se a Pereira Cristóvão.
Segundo Mustafá, a informação sobre as vítimas e as casas terão vindo de Pereira Cristóvão.
No início de abril um dos arguidos, Celso Augusto, negou estar envolvido nos assaltos por estar a cumprir pena de prisão e invocou os nomes de Pereira Cristóvão e Nuno Mendes.
Segundo a versão do arguido, foi em 2012 que a amizade com o antigo vice-presidente do clube cresceu. Pereira Cristóvão estaria à procura de investidores para acordar o passe de um jogador do Sporting e, a partir daí, terá sido feito um contacto com um negociante – que comprou um terreno no valor de meio milhão de euros. Na altura da compra, a promessa seria de que o terreno viria a ganhar uma valorização e passaria a valer um milhão de euros. Mas tal não se verificou e o valor final do terreno era de 150 mil euros.
Dada a diferença entre o valor pago inicialmente e o valor final do terreno, Pereira Cristóvão terá ficado responsável por recuperar o dinheiro perdido e, por essa razão, terá ido até casa de Celso, acompanhado por Mustafá, para ver o contrato da compra. Terá sido a partir desse momento que perdeu o contacto com Pereira Cristóvão e Mustafá, adiantou.
Já a versão de Pereira Cristóvão contraria a de Celso Augusto. Numa outra sessão, o antigo vice-presidente do Sporting disse que em dois assaltos assumiu o papel de “pombo correio” e que a recuperação do dinheiro terá sido ideia de Celso. Além disso, segundo Pereira Cristóvão, terá sido Celso a pedir-lhe para falar com Mustafá.
Em causa estão crimes de associação criminosa, roubo, sequestro, posse de arma proibida, abuso de poder, violação de domicílio por funcionário e falsificação de documento. Mustfá é um dos 17 arguidos acusados de fazerem parte de um grupo criminoso que fez assaltos a casas em Cascais e na capital.