Uma proposta dos serviços de inteligência britânicos encarregados pela espionagem e contraespionagem nas comunicações e inteligência de sinais, está a causar polémica entre os gigantes tecnológicos. Uma carta aberta enviada por 47 signatários – onde estão incluídas a Google, o Whatsapp e a Apple -, apela à Sede de Comunicações do Governo britânico (SDC) para abandonar o chamado “protocolo fantasma”.
A SDC pretende ter acesso aos serviços de chamadas de voz e mensagens de texto, sem ter de desbloquear a criptografia, em vez de as exigir às empresas que providenciam o serviço. Ou seja, a proposta pretende “adicionar uma força de segurança numa troca de mensagens ou chamada”, lê-se no ensaio do diretor técnico do Centro de Cibersegurança, Ian Levy, e do chefe de criptoanálise, Crispin Robinson – os autores da proposta.
Na prática, sugerem uma técnica que exigiria os serviços de mensagens encriptadas – como o Whatsapp -, a direcionar as comunicações para um terceiro destinatário, ao mesmo tempo que enviaria ao utilizador pretendido. Porventura, “tão intrusiva” como as técnicas já existentes para espiar as comunicações dos utilizadores, defendem Levy e Robinson.
“A proposta do ‘protocolo fantasma’ da SDC habilitaria a um terceiro [interveniente] ver, em texto simples, uma conversa encriptada sem notificar os participantes”, o que “tornaria uma conversa a dois num chat de grupo, onde o Governo é o participante adicional, ou adicionar um participante governamental secreto numa conversa de grupo existente”, defendem os signatários da carta, dizendo mesmo ser uma ameaça “à cibersegurança e a direitos fundamentais, incluindo a privacidade e a liberdade de expressão”.
A Apple, empresa norte-americana, enfrentou um impasse com o Departamento de Investigação Federal dos Estados Unido, o FBI, em 2016. A empresa recusou-se a violar um tipo de criptografia que protege os iPhones bloqueados, obrigando o FBI a recuar.
No entanto, os responsáveis das secretas, Levy e Robinson, disseram que acolhiam as críticas das empresas, mas insistem na necessidade de escutar eventuais terroristas. Acrescentaram ainda que a proposta era “hipotética”, para ser um “ponto de partida inicial”, para uma discussão, em resposta à estação televisiva norte-americana, a CNBC.