Morreu um dos nomes mais importantes da literatura portuguesa esta segunda-feira, a escritora Agustina Bessa-Luís.
Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa nasceu a 15 de outubro de 1922, em Amarante. Foi aqui que passou grande parte da sua infância e onde aprendeu a ler, com a ajuda da professora do irmão, aos 4 anos. Enquanto crescia, mudou várias vezes de cidade com a sua família devido ao trabalho do pai, tendo vivido na cidade de Gaia, Porto, Póvoa de Varzim, Águas Santas, Bagunte, Vila do Conde e Godim.
Em 1945 casou-se com o marido, Alberto Luís e estreou-se como escritora quatro anos depois com a obra, Mundo Fechado. No entanto, foi em 1954 com o romance A Sibila que o nome Augustina Bessa-Luis se tornou verdadeiramente popular e que lhe valeu o prémio Eça de Queirós, atribuído anualmente pelo Secretariado Nacional de Informação, o antigo Secretariado de Propaganda Nacional.
Muitos dos seus romances serviram de inspiração a Manuel de Oliveira. Filmes como Francisca – galardoada com o Grande Prémio do antigo Instituto Português de Cinema (IPC) -, Vale Abraão, O Convento e Inquietude são algumas das colaborações entre o cineasta e a escritora.
Augustina chegou a escrever peças para teatro, guiões para televisão e contos infantis. O seu romance, As Fúrias foi adaptado por Filipe La Féria que levou as palavras da escritora para o palco do Teatro Nacional D. Maria II.
Ao longo da sua vida, recebeu várias distinções, como o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 1980 – tendo sido elevada a Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago em 2006 -, a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988, e o grau de Oficial da Ordem das Artes e das Letras de França.
Ganhou por duas vezes o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) e em 2004 recebeu o prémio Vergílio Ferreira e o Prémio Camões, o prémio literário mais importante da língua portuguesa.
O jurí do prémio Camões afirmou que "a obra de Agustina Bessa-Luís traduz a criação de um universo romanesco de riqueza incomparável que é servido pelas suas excecionais qualidades de prosadora, assim contribuindo para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.
A par da escrita, Agustina Bessa-Luís fez parte do concelho diretivo da Comunidade Europeia de Escritores, ocupou o cargo de diretora do jornal O Primeiro de Janeiro e foi ainda diretora do Teatro Nacional D. Maria II.
Desde 2006 que a escritora se ausentou da vida pública por questões de saúde mas mesmo longe nunca foi esquecida. Em 2015 foi-lhe atribuido mais um prémio, o Prémio Eduardo Lourenço, atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos da Guarda.
Agustina Bessa-Luís acabou por falecer esta segunda-feira na sua casa no Porto, aos 96 anos, vítima de doença prolongada.