Sintra é um dos destinos turísticos de Portugal. Que desafios traz o turismo? Tem havido alguns problemas com a circulação…
Temos vários desafios. O primeiro foi o aumento da oferta. Estão agora a ser construídos vários hotéis. Mas durante 30 anos não havia um hotel em Sintra. Depois, temos de diversificar o turismo, porque está muito focado na vila e nos palácios. Temos que fazer roteiros e publicitá-los para levar as pessoas a conhecer o concelho e a desentupir o tráfico da vila histórica. Vamos ter que disciplinar o trânsito.
Foi o que aconteceu com os tuk tuk?
Quando se fala em disciplinar o trânsito há sempre alguns interesses que se sentem ofendidos. Mas temos que proteger a serra, que é património da Humanidade. O acesso à serra tem que ficar limitado a transportes públicos. Os privados não podem circular na serra, sejam eles pessoais, empresariais ou de animadores turísticos. Sobretudo quando há alertas de incêndio laranja ou vermelho. É legítimo que se zanguem, mas é aconselhável é que não insultem nem usem de violência. Num dia normal, o acesso daqui à Pena pode demorar uma hora. E se amanhã há um incêndio na serra com 38 ou 39 graus podemos ter a impossibilidade ou a dificuldade de os carros de bombeiros ou as ambulâncias conseguirem socorrer as pessoas. Seria uma tragédia incalculável. Vamos ter um regulamento para disciplinar o trânsito. Não tenho nada contra os tuk tuk mas é evidente que têm que ser disciplinados.
Que regras vai ter o regulamento?
Como qualquer transporte, os tuk tuk têm que ter registo. Tem que se saber quem são os proprietários e os condutores, que são coisas diferentes. Paulatinamente, também têm de passar a ter motores elétricos.
Atualmente não há regras?
Não. Mas o regulamento de mobilidade e de trânsito de Sintra já está em discussão pública. Não tenham dúvidas de que para a Câmara em primeiro está o interesse coletivo. Enquanto estiver aqui e até ao último dia do meu mandato será assim: em primeiro há que proteger pessoas e património.
Foi nesse sentido a polémica com a Madonna?
Sim. A Madonna é uma pessoa estimada, uma grande artista e continuou a ser uma grande amiga de Portugal. Se calhar até com mais respeito.
O que aconteceu?
A Madonna quis ir à Quinta Nova da Assunção, que tem um palácio que está a ser recuperado com um custo 200 mil euros. Quis filmar na quinta. Demos-lhe as facilidades todas e ficámos muito contentes de ter a Madonna entre nós.
E depois?
A certa altura, quis pôr um cavalo dentro do palácio, seguindo pela entrada para um salão. Um cavalo tem 300 ou 400 quilos e estaria em cima de um chão de Madeira do século XIX, que tem uma almofada de ar por baixo. Chegámos ao ponto de fazer um estudo para saber o impacto que tinha o cavalo e é verdade que estragava todo o soalho. Portanto, foi impossível que a senhora visse o seu pedido satisfeito. A senhora levou a mal e irritou-se.
Mas ainda tentaram meter umas cunhas, não foi?
Tentaram. Ao mais alto nível. Mas na Câmara temos dois princípios inquestionáveis: o primeiro é o da igualdade: todos os homens nascem livres e iguais em direitos e merecem igual respeito; o segundo é o da transparência: temos de dar conta como gerimos o dinheiro dos contribuintes.