82 pessoas, entre elas quatro funcionários dos CTT, foram acusadas pelo Ministério Público (MP) pela prática de crimes de associação criminosa, burla qualificada, branqueamento de capitais, falsificação de documentos, venda, circulação ou ocultação de produtos e artigos e corrupção ativa e passiva, avança o jornal Público. A maior parte dos acusados são de origem marroquina.
De acordo com a acusação do MP, os arguidos vendiam ténis falsos, alguns através de páginas criadas nas redes sociais, e os compradores recebiam as caixas vazias, com os sapatos que não tinha pedido, ou com calçado usado.
Os funcionários dos CTT são dois homens e duas mulheres, todos da zona de Leiria, que facilitavam a criação e manutenção de novos apartados – foram criados apartados na Maceira, Marinha Grande, Minde, Caranguejeira, Batalha, Marrazes, Pombal, no concelho de Leiria e em Santarém e Vila Real de Santo António, no Algarve.
Os funcionários empacotavam ainda o material e geriam as encomendas, sendo que por dia faziam cerca de 30 a 50 euros cada um. O esquema de burla ultrapassou mais de três milhões de euros.
Segundo o mesmo jornal, as queixas de clientes foram ignoradas e as encomendas continuaram a ser descarregadas.
No total, a acusação tem mais de 700 páginas e 1088 testemunhos de pessoas que foram enganadas pelo esquema.
Os arguidos transferiam depois o valor que recebiam para contas em Marrocos e compravam imóveis em nome de familiares para braquear o dinheiro.
Treze dos 82 arguidos encontram-se em prisão preventiva desde maio de 2018. Dois estão com pulseira eletrónica e outros dois têm de se apresentar mensalmente às autoridades.