“Acha que no próximo ano a sua vida vai estar melhor, na mesma ou pior?” A pergunta é feita aos portugueses nos inquéritos do Eurobarómetro desde 1996 e o gráfico que coloca as respostas em retrospetiva no site da Comissão Europeia mostra um autêntico ioiô nos últimos anos. Responde apenas uma amostra da população de cada país, mas serve de indicador. O pico do pessimismo salta à vista em 2012: 50% dos portugueses achavam, naquele ano, que a vida ia piorar. Em 2018, já só 7% tinham essa opinião. E se a grande maioria antevia que ia tudo continuar na mesma, 26% sentiam ventos de melhoria. O gráfico diz mais: desde 2007 que os “otimistas” não eram uma fatia tão grande da população e é preciso recuar ao final dos anos 90 para encontrar um valor mais elevado.
Estamos mesmo mais otimistas? Irritantes ou cautelosos? E que mais se pode dizer do estado de espírito dos portugueses, indo além dos rótulos de inveterados saudosistas, hospitaleiros mas soturnos, povo preso à nostalgia do fado? O psiquiatra Júlio Machado Vaz e o sociólogo Elísio Estanque concordam que há um sentimento de descompressão e alívio na sociedade portuguesa, mas há outras tendências à vista.