Na semana passada escrevi aqui que 14 jogadoras com 23 a nos ou menos tinham acedido à terceira ronda de Roland Garros.
Quando estamos a chegar ao fim do segundo torneio do Grand Slam, é evidente que há uma revolução etária em curso no ténis feminino, ao contrário do masculino, no qual Roger Federer de 37 anos, Rafa Nadal de 33 e Novak Djokovic de 31 voltaram a assentar arraiais nas meias-finais, com Dominic Thiem a ser o intruso que, na realidade, não o é, dado atingir essa fase do torneio pelo quarto ano seguido.
É, aliás, notável que os quatro primeiros cabeças de série masculinos tenham provado o seu favoritismo teórico, sem que nenhum deles tenha sido esticado a qualquer encontro em cinco sets pelos seus rivais.
Já no torneio feminino vai ser coroada uma nova campeã de torneios do Grand Slam e das quatro semifinalistas – Jo Konta, Ash Barty, Amanda Anisimova e Marketa Vondrousova – nenhuma esteve sequer em alguma final de eventos deste nível.
A última jogadora de 30 anos ou mais a resistir em Roland Garros foi Kaia Kanepi, eliminada nos oitavos de final.
O ténis profissional oficializou-se em 1968 e desde então sempre houve ‘meninas-prodígio’: Chris Evert, Tracy Austin, Steffi Graf, Monica Seles, Jenny Capriati, só para referir algumas.
Mas nos últimos tempos era cada vez mais difícil vermos teenagers’ a triunfarem em torneios do Grand Slam. A última foi Maria Sharapova, que venceu em Wimbledon com 17 anos (2004) e no US Open com 19 (2006)!
A britânica Konta tem 28 anos e é a única que já esteve em meias-finais de torneios do Grand Slam (Austrália 2016 e Wimbledon 2017). Para as outras estas são as primeiras meias-finais em Majors.
A australiana Ash Barty tem 23, mas as novidades são a checa Vondrousova e a americana de origem familiar russa Anisimova de apenas… 17 anos!
Em 2019 a média de idades das vencedoras de torneios do circuito WTA é 23,8, a mais baixa dos últimos 11 anos e esta Anisimova é a primeira ‘millennial’ (mulher ou homem) a chegar tão longe num torneio do Grand Slam.
Anisimova é a que mais impressiona por estar a ser ‘fabricada’. Há anos que beneficia do ‘estado-maior’ do International Management Group, que aposta tanto nela quanto nas décadas anteriores em Anna Kournikova e Maria Sharapova, disponibilizando-lhe os melhores agentes, preparadores físicos, treinadores e especialistas de marketing.
No circuito de sub-18 foi finalista de Roland Garros (2016) e campeã no US Open (2017). Este ano conquistou o seu primeiro título WTA, está a brilhar em Paris e vai entrar no top-30 do ranking mundial.