O Irão demorou pouco a passar das ameaças aos atos. De acordo com a agência noticiosa Isna, o Governo iraniano mandou executar um colaborador por suspeitar que este estivesse a servir de espião da Agência Central de Informações (CIA) dos Estados Unidos. "Jalal Haji Zavar, um fornecedor da organização aerospacial do Ministério da Defesa que era um espião da CIA e do governo americano, foi executado", escreveu a agência, sem dar mais detalhes sobre a execução.
Haji Zavar já não colaborava há vários anos com o referido ministério. Ainda assim, foi identificado pelos serviços de informações do Ministério da Defesa e, de acordo com a Isna, "tinha confessado explicitamente espiar para a CIA por dinheiro", tendo sido encontrado na sua casa "documentos e material de espionagem". Agora, foi condenado por um tribunal militar e a sentença foi executada na prisão de Rajai-Shahr, na cidade de Karaj, a noroeste de Teerão, com a esposa a ser condenada a 15 anos de prisão por "cumplicidade na espionagem".
Esta notícia surge numa altura em que se verifica um aumento crescente de tensão entre o Irão e os Estados Unidos. Na passada quinta-feira, as forças de Teerão abateram um drone norte-americano, alegando que este se encontrava no seu espaço aéreo. Os norte-americanos refutaram, garantindo que o mesmo estava em espaço aéreo internacional e que ali já tinham sido atacados dois petroleiros, um norueguês e outro japonês, atribuindo a autoria dos ataques a Teerão.
Já na sexta-feira, Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos, garantiu ter mandado cancelar, "à última hora", ataques de represália a três locais em território iraniano para evitar um elevado número de mortos – 150, disse via Twitter -, considerando que se trataria de um ataque "desproporcional". Em reação, o Irão deixou um aviso: "Não vamos permitir que o território da República Islâmica seja violado. Estamos prontos para combater todas as ameaças contra a integridade territorial. As nossas decisões não dependem das decisões deles e vamos reagir a qualquer agressão, quer se misture com ameaças ou não”, afirmou Seyed Abbas Mousavi, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, à agência iraniana Tasnim.
Este sábado, a presidente da Assembleia-Geral da ONU pediu que os dois países dialoguem para que seja possível alcançar um consenso. "Quero unir a minha voz à do secretário-geral das Nações Unidas [António Guterres] e à de muitos líderes a nível mundial, que fizeram um apelo para um máximo autocontrolo para que as tensões diminuam, e fazer um apelo ao diálogo, porque é a única maneira, não há outra forma. O diálogo, os acordos e um máximo autocontrolo para evitar um agravamento das tensões”, afirmou a equatoriana Maria Fernanda Espinosa à agência Lusa, numa altura em que cumpre uma visita de três dias a Portuga,l por ocasião da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude 2019 e do Fórum da Juventude “Lisboa+21”, que vai reunir até domingo na capital portuguesa centenas de responsáveis governamentais pela área da juventude, de jovens e de organizações internacionais.