Ricardo Salgado guardava a sua coleção de arte, que incluía mais de uma centena de obras, num edifício em Loures. Designado de Armazém D, situava-se no Centro Empresarial Urbanos, segundo o Correio da Manhã.
Era uma caixa forte de 90 metros quadrados que servia para guardar as 138 peças, entre quadros, gravuras, fotografias e estatuetas. Todos os meses, Salgado pagava 2500 euros (mais IVA) à Transportes Urbanos S.A para que a sua coleção ficasse protegida de olhares alheios. E assim foi durante mais de cinco anos.
O contrato de arrendamento da sala climatizada – provida de todas as condições técnicas e de segurança, desde portões e sistemas de deteção de intrusão, incêndio e anti-humidade – foi assinado por Salgado em 30 de abril de 2009, escreve o mesmo jornal. Apesar da data, o contrato previa efeitos retroativos a partir de 1 de julho de 2008. No documento constava que o banqueiro era o proprietário da coleção de arte e que pretendia guardá-la naquele armazém em Loures, para a proteger de perigos de roubo e destruição.
Uma das cláusulas do contrato dispunha que Salgado teria de informar a empresa Transportes Urbanos, com pelo menos 24 horas de antecedência, se quisesse levantar qualquer uma das obras da coleção, que incluía artistas como Francisco Tropa, Pedro Cabrita Reis, António Poppe, Roy Hammond, Nedko Solakov, Júlia Ventura, Cristina Ataíde, Susana Solano ou Candida Höffer.
Mais tarde, em 2015, a totalidade das peças foi levada do armazém em Loures – manobra que foi feita ao longo de dois dias – para as para as instalações da Sala Branca — Leilões de Arte, na Avenida Marquês de Tomar, em Lisboa. O banqueiro queria assim vender a coleção para que as peças não fossem arrestadas.
Recorde-se que a Polícia Judiciária, durante as diligência levada a cabo no âmbito da investigação ao caso BES, descobriu documentos que conduziram ao paradeiro das obras de arte escondidas.