O número de médicos indiferenciados, isto é, sem formação especializada e não enquadrados nas carreiras médicas disparou nos últimos três anos. Os motivos apontados? O crescente desfasamento entre o número de médicos que procuram formação especializada e a capacidade formativa de hospitais e centros de saúde.
Na passada quarta-feira, a Ministra da Saúde Marta Temido explicou que “o acesso à especialidade é importante, mas uma força de trabalho em saúde deve ser diversificada. Não se faz só com a oferta de especialistas altamente qualificados” acrescentando que “um não-especialista pode ser igualmente qualificado”.
Num comunicado a que o SOL teve acesso, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) esclareceu que Temido “não só admite a indiferenciação dos médicos, como demonstra total desconhecimento acerca da importância das carreiras médicas e do seu papel como um dos pilares do Serviço Nacional de Saúde (SNS), bem como do que são cuidados de saúde de qualidade”.
No mesmo documento, datado da passada sexta-feira, a FNAP adiantou que “a política deste Governo consiste em fomentar a criação de mão de obra médica barata e afugentar os médicos mais diferenciados do SNS”, afirmando que situações alarmantes como o possível encerramento de maternidades de hospitais centrais, os exorbitantes valores pagos aos médicos tarefeiros e a gestão danosa do SNS constituem alguns dos fatores que motivam uma manifestação do descontentamento destes profissionais de saúde.
Assim, a FNAM apela “aos médicos que manifestem o seu descontentamento ao aderir à Greve e Concentração no dia 3 de julho de 2019”, pedindo também o apoio das comissões de utentes.