O poder da diabolização dos ‘privados’

«Tudo o que é bom é feito devagar ou com vagar». Priamo Portugal 2020. A Bolsa de Lisboa fechou de emergência. As perdas são gravíssimas. Os investidores estrangeiros estão a fugir deste país do sul da Europa. Os media económicos e os media políticos, europeus e não europeus, fazem soar todas as campainhas vermelhas, com…

«Tudo o que é bom é feito devagar ou com vagar».
Priamo

Portugal 2020. A Bolsa de Lisboa fechou de emergência. As perdas são gravíssimas. Os investidores estrangeiros estão a fugir deste país do sul da Europa. Os media económicos e os media políticos, europeus e não europeus, fazem soar todas as campainhas vermelhas, com o que está a acontecer em Portugal. Um país capturado pela extrema-esquerda obcecada contra os ‘privados’. Com uma agenda meticulosamente preparada e vendida nos velhos e nos novos media, e nas ‘sanitas’ do regime que são as redes sociais.
O novo Governo de Portugal, resultante das eleições legislativas de Outubro de 2019, dependerá da extrema-esquerda, que conseguiu no programa do novo Governo impor muitas das suas propostas e das agendas político-ideológicas. Começando pela realização de dois referendos: um sobre a permanência de Portugal na União Europeia e outro na NATO.
 
Também com uma agenda de nacionalizações: dos CTT, da EDP, da REN, da TAP, da ANA, de hospitais e de outras empresas de outros setores da atividade económica. Não estão afastadas também nacionalizações na área das TVs, rádios e jornais. Bem como uma agenda de asfixia dos milhares de instituições particulares de solidariedade social que prestam serviços relevantíssimos na chamada economia social. Mas também, com a aprovação de novas leis de bases em várias áreas, como são os casos da saúde, da segurança social, do ensino superior, da educação – para acabar com os ‘privados’ nestas e noutras áreas.
Os portos, vão ficar finalmente na gestão dos sindicatos, os privados subjugados e os sindicatos libertários e anticapitalistas, vão ser quem mais ordenará no chamado país portuário.
O poder dos sindicatos vai ser alargado. A concertação social extinta.

Em modo de ficção, isto é o que poderemos escrever a propósito de um dos lados mais negros da governação da ‘geringonça’ dos últimos quatro anos. Uma captura ideológica, não só de alguma prática política mas sobretudo e também do discurso político-ideológico profusamente proclamado nos espaços de intermediação (será que ainda existe?) mediática, com a diabolização dos ‘privados’, que tem feito o seu caminho em várias áreas da nossa vida coletiva. Infelizmente, exemplos não faltam. A propósito da nova lei de bases da saúde, da perseguição às escolas e colégios privados, etc., etc.
O sonho último da extrema-esquerda é ver-se livre dos ‘privados’. Sobretudo dos que prestam serviços diversos aos portugueses e dão lucro! Isso mesmo! Dão lucro! Sim, porque por detrás da diabolização dos ‘privados’ está o ódio aos ‘lucros’, sobretudo se para esses lucros o Estado tiver dado algum contributo (em espécie ou não…) para poupar dinheiro.
A narrativa assenta em receitas do final do século XIX e do início do século XX, de que o Estado e as suas múltiplas corporações públicas é que têm de ser reis e princesas de tudo e de todos.

Receitas que só existem na Coreia do Norte, Mongólia e países do género, onde encontramos resultados desastrosos. Quem não se lembra, no caso da educação, de quais são os únicos países do mundo que não têm ensino privado e contribuição do Estado? Bulgária? Cuba? Este deverá ser um dos temas centrais da campanha eleitoral de Outubro próximo. Até onde o país e os portugueses devem ou não contemporizar com uma governação que tenha uma agenda política e legislativa e administrativa com base nisto tudo?
Portugal pode ou não aceitar e suportar uma agenda ideológica de extrema-esquerda, como tem acontecido nos últimos anos? Os ‘privados’ devem ou não ficar cada vez mais reduzidos à insignificância?
Portugal e os portugueses ficarão melhores sem a iniciativa privada? Sem os privados? Na economia real, na saúde, na educação, nos transportes, etc. A economia privada, a iniciativa privada, estão a ‘mais’ em Portugal? O Estado deverá substituir-se-lhe?
A disfuncionalidade do poder da rua, será comportável com a realidade e com a defesa dos superiores interesses de Portugal e dos portugueses?
O socialismo de miséria é a solução e o desígnio a concretizar para Portugal e para os portugueses?

Ter contas ‘à alemã’ e saúde ‘à grega’ não é o caminho para um país e para um povo como o nosso. Impõe-se, pois, que na campanha eleitoral, em vez de casos, casinhos, e ataques pessoais, se discutam matérias como esta: a relevância para os portugueses dos ‘privados’ em várias áreas, como são os casos da inovação, da competitividade, da criação de valor, de riqueza, de emprego de qualidade. Bem como o peso do Estado na vida das pessoas e das empresas. Um país que se quer moderno e com futuro não pode deixar de fazer esta discussão.
olharaocentro@sol.pt