Um em cada cinco doentes tem de voltar ao médico para alterar a prescrição por não encontrar disponíveis nas farmácias os medicamentos receitados. Esta é uma das conclusões de um estudo sobre o impacto da indisponibilidade de medicamentos divulgado este domingo pelo CEFAR (Centro de Estudos e Avaliação em Saúde) da Associação Nacional das Farmácias.
Com base um inquérito feito durante dois dias de abril, em que foram realizados 22 830 questionários em 2079 farmácias do país, a organização conclui que mais de metade dos utentes experienciaram algum tipo de indisponibilidade de medicamentos nos últimos 12 meses e que 5,7% dos utentes deixaram de tomar algum medicamento por não estar disponível. Extrapolando os resultados para a população portuguesa, estimam que 1,41 milhões de utentes precisam de uma nova consulta para resolver o problema e que 374 mil utentes ficaram mesmo sem fazer a medicação.
O CEFAR estimou o impacto económico decorrente da falta de medicamentos nas farmácias, calculando que a necessidade de uma nova consulta representa encargos acrescidos de 35,3 a 43,8 milhões de euros para o SNS. Também os utentes acabam por ter de gastar mais 2,1 a 4,4 milhões de euros em taxas moderadoras.
O estudo conclui ainda que a gestão da indisponibilidade de medicamentos nas farmácias, pelo tempo que é consumido nestes atendimentos, tem um impacto de cerca de 10 mil euros/mês para os estabelecimentos. Também os utentes gastam em média 3h25 a tentar obter os seus medicamentos. Cerca de 17 500 doentes que participaram no estudo já se tinham deslocado anteriormente a uma farmácia para aviar a sua receita, sendo que em média fazem duas deslocações.
A maioria das situações em que os medicamentos não estavam disponíveis tratava-se de acordo com o estudo, de medicamentos em rutura de stock, em que esta situação tinha sido comunicada pela farmacêutica ao regulador do medicamento.