Álvaro Amaro, ex-presidente das Câmaras Municipais de Gouveia e da Guarda, esteve durante esta segunda-feira a ser ouvido no Tribunal de Viseu, que determinou o pagamento de uma caução de 40 mil euros para que o ex-autarca pudesse aguardar julgamento em liberdade. O político, cujo advogado garantiu que irá tomar hoje posse como eurodeputado pelo Partido Social Democrata (PSD) em Estrasburgo, é um dos cinco arguidos no processo Rota Final.
Álvaro Amaro foi constituído arguido por suspeitas de corrupção, tráfico de influências, prevaricação e abuso de poder, e participação económica em negócio, no âmbito de uma “investigação que visa esclarecer os termos em que o Grupo Transdev obteve contratos e compensações financeiras com autarquias das zonas Norte e Centro do país”, explica a Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra (PGDC) em comunicado.
Além do eurodeputado do PSD, de acordo com o Jornal de Notícias, também os antigos presidentes das Câmaras Municipais de Lamego e de Armamar – Francisco Lopes e Hernâni Almeida, respetivamente – bem como um funcionário da autarquia de Lamego e um administrador da Transdev foram constituídos arguidos.
O Ministério Público (MP) acredita que existem “indícios de tráfico de influência, participação económica e corrupção, entre outros crimes”.
Em junho, no âmbito da investigação, a Polícia Judiciária realizou buscas a 18 autarquias para obtenção de provas: Almeida, Armamar, Braga, Fundão, Guarda, Oleiros, Sertã, Pinhel e Tarouca – todas do PSD –, Belmonte, Barcelos, Cinfães, Lamego, Moimenta da Beira, Oliveira de Azeméis e Soure – que pertencem ao PS –, e ainda na de Oliveira do Bairro, do CDS-PP, e na de Águeda, presidida por um movimento independente.
Transdev consegue mais de dois milhões Desde 2018, a operadora de transportes Transdev conseguiu mais de dois milhões de euros num total de 38 contratos por ajuste direto com autarquias do Norte e do Centro do país, segundo é possível ver no portal de contratação pública base.gov. A Câmara Municipal da Guarda, por exemplo, realizou contratos por ajuste direto com a empresa que resultaram em ganhos de perto de meio milhão de euros, no último ano.
À Lusa, enquanto as buscas às várias autarquias decorriam, a Transdev assegurou que estava “a colaborar com as autoridades”, estando “disponível para cooperar em todas as diligências necessárias. De momento esta é toda a informação que temos a declarar”, dava conta a operadora de transportes.
A atividade da Transdev inclui transporte escolar e transportes públicos nalgumas autarquias.