Bruno de Carvalho ainda pode voltar

Ex-presidente do Sporting foi excluído de sócio do clube em assembleia-geral, com 69,37% dos votos.

É aquele final que, neste caso, não levará um ponto final, mas um ponto e vírgula. Basicamente, uma história com a narrativa aberta e ainda com possibilidades de conhecer outros contornos a partir deste momento. Até lá, uma coisa é certa: este sábado, Bruno de Carvalho (BdC) viu os sócios do Sporting optarem pela sua saída do clube. O ex-presidente leonino foi excluído de sócio do emblema de Alvalade, em assembleia-geral realizada este sábado, por 69,37% dos votos. Tal como o antigo dirigente dos verdes-e-brancos, também Alexandre Godinho, antigo membro do conselho diretivo do Sporting, foi expulso, com números muito semelhantes (68,20%).

As expulsões foram, de resto, decididas por 5190 sócios que se deslocaram até ao Pavilhão João Rocha.

Após a ordem de saída dada aos dois ex-dirigentes, muito se especulou sobre a consequência desta medida, ficando entretanto a saber-se que poderá não ser definitiva. Em causa estão os estatutos do clube, que contemplam a possibilidade de recuperar aquela condição, mediante a aprovação por maioria de dois terços em assembleia-geral convocada para esse efeito. Ou, ainda, recorrendo para os tribunais civis de forma a recuperar aquele estatuto.

Estas são, assim, as duas possibilidades que tornam a medida votada pelos mais de cinco mil sócios acreditados reversível.

Bruno de Carvalho, de 47 anos, chegou à presidência do Sporting em 2013 e, em 2018, tornou-se o primeiro presidente leonino a ser destituído em 113 anos de história do clube.

Recorde-se que o ex-presidente leonino foi constituído arguido no processo de investigação judicial ao ataque à academia de Alcochete, a 15 de maio, episódio que esteve na base da destituição, em junho de 2018, e da expulsão de sócio do clube de Alvalade.

 

A polémica

A AG ficou, de resto, marcada por vários momentos de tensão e por alegadas suspeitas levantadas relativamente ao boletim de voto por parte dos apoiantes de BdC. Em causa estava um número que aparecia no canto inferior esquerdo de cada um dos boletins, que esses associados defenderam colocar em causa o secretismo da votação.

Após ser confrontado com esta situação, Rogério Alves foi lesto a apresentar explicações, garantindo que o número que surgia nos boletins tinha a ver com um procedimento de segurança por forma a evitar falsificações ou duplicações dos boletins. “Aquela numeração não permite a identificação do sócio votante”, assegurou o presidente da MAG, acrescentando que “os serviços já o esclareceram por várias vezes nas diversas assembleias-gerais”.

O dirigente disse ainda que este sistema já tinha sido utilizado na anterior assembleia-geral, realizada a 29 de junho.

As justificações parecem, contudo, não ter convencido Alexandra Carvalho, irmã de Bruno de Carvalho, que revelou que estão a ser preparados requerimentos por causa desta alegada irregularidade. “Estamos a apresentar requerimentos. Retiraram o código de barras e mantiveram a numeração. Não é preciso ser grande informático para se chegar à pessoa que votou. É uma ilegalidade muito grande”, disse, lembrando que “a história do Sporting mostra-nos que as presidências são curtinhas”.

A AG ficou também marcada por pedidos de demissão e assobios dirigidos a Frederico Varandas, presidente eleito em setembro de 2018, após a queda de Bruno de Carvalho.