João Sousa está imparável e volta a provar no court a razão de ser considerado o melhor tenista português de todos os tempos – muito para lá do 28.o lugar que em tempos chegou a ocupar no ranking mundial de ténis, naquela que foi a melhor posição de sempre do vimaranense e de um tenista luso na hierarquia. Em Wimbledon já fez, aliás, história. E aqui, mais uma vez, é de salientar a maneira como conseguiu escrevê-la.
Porém, antes ainda de fazer referência aos vários capítulos deste filme, importa desde logo sublinhar o feito inédito: João Sousa está nos oitavos-de-final do Grand Slam britânico pela primeira vez na carreira.
Mais: com este resultado, o número um nacional e atual 69.o do mundo consegue igualar aquele que era o seu melhor registo em Majors, até então a quarta ronda, recorde-se, no US Open de 2018.
“A verdade é que tanto eu como a minha equipa técnica estamos orgulhosos por fazer um bocadinho parte da história de Portugal”, confessou o jogador, de 30 anos, treinado por Frederico Marques, que se tornou o primeiro português a marcar presença na quarta ronda de Wimbledon.
A qualificação para os oitavos foi, de resto, decidida em cinco sets, por 4-6, 6-4, 7-5, 4-6 e 6-4, levando João Sousa a melhor sobre o britânico Daniel Evans (61.o), num “encontro quase épico”, como resumiu o tenista vimaranense.
De notar que, antes deste duelo, João Sousa já tinha derrubado um adversário de peso, numa vitória que foi descrita como uma das melhores da sua carreira. Recorde-se que o tenista luso eliminou, na segunda ronda, o croata Marin Cilic (18.o), por triplo 6-4 – uma vitória que assumiu contornos especiais, já que foi a primeira vez que Sousa conseguiu vencer o tenista croata, campeão do US Open de 2014, finalista de Wimbledon em 2017 e do Open da Austrália em 2018, vencedor de 18 títulos no circuito principal, com quatro presenças nas ATP Finals e líder da Croácia na conquista da última Taça Davis.
Nadal aborda “dinÂmica” do português
João Sousa tem esta segunda-feira encontro marcado com Rafael Nadal nos oitavos, num jogo para o qual o vimaranense parte com a confiança reforçada. O espanhol, número dois mundial e campeão no All England Club em 2008 e 2010, está, de resto, muito longe de ser um perfeito desconhecido. Sousa, que vive em Barcelona desde os 15 anos, chegou a ser treinado pelo mesmo técnico de Rafael Nadal, Francis Roig, pelo que os dois foram companheiros de treino.
Nadal relembrou, de resto, esses tempos e elogiou o jogo do tenista português: “Conhecemo-nos muito bem mutuamente. Treinámos muitas vezes juntos. O João [Sousa] é agressivo com os golpes e joga no limite durante todo o jogo”. Nadal disse ainda que poderá ter problemas com a “dinâmica positiva de ganhar jogos” que o português tem, até porque “se move muito rápido e tem golpes planos que funcionam bem na relva”. Nos duelos anteriores com o tenista espanhol, Sousa perdeu nas duas ocasiões: no Rio de Janeiro (1-6 e 0-6), em 2014, e em Madrid (0-6, 6-4 e 3-6), em 2016.