O primeiro-ministro aproveitou o debate do Estado da Nação, que decorreu esta quarta-feira, para recordar as várias medidas lançadas pelo Governo e para atacar o PSD e a anterior governação. António Costa apontou, ironicamente, que «nem o Diabo apareceu nem a austeridade se disfarçou», numa alusão ao alerta deixado por Passos Coelho. Apesar de ter admitido que Portugal estar longe de ser um «oásis», num tom eleitoral, o chefe do Governo referiu que cumpriu as promessas feitas em 2015: «Mais crescimento, melhor emprego, mais igualdade», destacando que criou «mais 350 mil postos de trabalho», que o salário mínimo subiu «quase 20%», que houve um aumento médio «do rendimento líquido mensal dos trabalhadores de 8,2%» e que cerca de «180 mil famílias» saíram «da situação de risco de pobreza». Costa concluiu que provou que «há mais vida para além do Orçamento» e que «Portugal está melhor do que há quatro anos porque os portugueses vivem melhor do que há quatro anos». Mário Centeno enfatizou as palavras de Costa recordando as vitórias do Executivo e teve direito a aplausos de pé. Repetindo o pregão das «contas certas», o ministro das Finanças sublinhou ainda que esta foi a «legislatura da confiança».
Por sua vez, os partidos da geringonça lembraram o primeiro-ministro que nem tudo correu bem e que o programa do Governo «não foi apenas do PS e ainda bem», afirmou a secretária-geral do BE.
Insistindo no fim das parcerias público-privadas (PPP), Catarina Martins avisou que os bloquistas não vão viabilizar a atual proposta e consideram que o Governo «falhou nas áreas em que os acordos foram menos concretos: investimento público para recuperar serviços públicos». Jerónimo de Sousa apoiou as críticas do BE e avisou que não se pode «andar para trás» e que «é preciso avançar». O PSD e o CDS também apontaram defeitos ao Governo. Para os sociais-democratas, as medidas do Executivo foram «medíocres».
O «serviço público» está «degradado e arrasado» e o interior do país «queimado e abandonado», disse o deputado do PSD António Leitão Amaro. O CDS seguiu a mesma linha e acusou o Governo de se «excelente a anunciar» e «péssimo a fazer», assinalou Nuno Magalhães. O líder parlamentar centrista disse ainda que Portugal tem hoje «a carga fiscal máxima» e que «o fim da austeridade é pura ficção».