Em 2007 Wimbledon passou a distribuir os mesmos prémios monetários aos torneios feminino e masculino. Foi o último Major a fazê-lo.
Embora ainda existam milhares de fãs a insurgirem-se contra essa realidade, argumentando que os homens jogam à melhor de cinco sets e as mulheres à melhor de três, não é provável que haja um retrocesso civilizacional.
Em contrapartida, nos torneios que não são mistos, continuará a haver prémios mais elevados no ATP Tour do que no circuito WTA. É o mercado. Há mais audiências nos torneios masculinos, tanto nos estádios como em transmissões televisivas ou online; geram-se mais receitas publicitárias e os prémios são superiores.
Está na mão das espetadoras e telespetadoras, que em muitos países representam um universo superior, consumirem tanto ténis feminino como masculino. Nessa altura, o fenómeno alterar-se-á e um dia poderão não ser só os Majors a oferecerem um ‘prize-money’ igual.
‘Vibrei’ com um estádio inteiro a vociferar ‘equal pay’ na final do Mundial de futebol feminino. E mais ainda em França, a terra natal da igualdade, fraternidade e liberdade.
Simpatizo com a causa da seleção norte-americana de futebol e valorizo a medida do novo Governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, de aproveitar a ocasião para anunciar a nova lei do mesmo pagamento para o mesmo trabalho, independentemente do género, raça, etc.
Conseguirão, contudo, as jogadoras norte-americanas de futebol ganhar o processo judicial que levantaram contra a sua federação, por não receberem os mesmos ‘salários’ dos jogadores?
Terão de provar que a seleção feminina de futebol já gera as mesmas receitas e as mesmas audiências da masculina. É importante que a sociedade norte-americana se mobilize nesse sentido.
O ténis está mais avançado do que o futebol nesta questão e quando Serena Williams levantou a bandeira do sexismo na última final do US Open, visando o árbitro português Carlos Ramos não conseguiu a vaga de fundo de apoio que pretendia, porque muitas das suas companheiras de profissão não se reviram na campeoníssima.
Quer isto dizer que a igualdade de direitos de géneros foi alcançada no ténis? Não. A discriminação continua de forma velada. Por exemplo, em algumas ‘piadas de caserna’, na cobertura dos media, na programação diária dos encontros nos estádios principais.
Francisca Van Dunem, a ministra da Justiça, escreveu que «a maior expressão de preconceito racial consiste na negação deste preconceito».
Não nego que ainda haja bolsas de sexismo no ténis, mas estamos no bom caminho para erradicá-lo.