“Não tem nada a ver com a nossa relação diplomática. Não tem nada a ver com a segurança em Portugal ou em Teerão. Não tem nada a ver com a segurança física das instalações da vossa embaixada. Está relacionado com a segurança do processo de emissão de vistos”, afirmou ontem em conferência de imprensa o embaixador do Irão em Portugal, Morteza Damanpak Jami. O diplomata referia-se aos problemas de “funcionamento da secção consular” e às questões de segurança de que falou o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva.
Questionado pelo i e pelo SOL no final da conferência sobre quais os problemas, Jami mencionou que a investigação a um ataque a tiro a um funcionário consular da embaixada portuguesa em Teerão, a 12 de março, teria colocado a hipótese de “possíveis irregularidades” no processo de emissão de vistos. Na altura do ataque, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Bahram Qasemi, afirmou à agência de notícias iraniana IRNA que o crime ocorreu devido a “questões pessoais”. Então o ataque e as irregularidades podem estar relacionadas? “Possivelmente”, retorquiu Jami.
Ao início da tarde de ontem, o i questionou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) sobre as irregularidades detetadas na embaixada, e já anunciadas, se passaram pela emissão de vistos falsos. A tutela, no entanto, respondeu afastando qualquer responsabilidade dos funcionários daquela embaixada: “A suspensão das atividades da secção consular da embaixada em Teerão decorre da necessidade de assegurar as respetivas condições de pleno funcionamento, não se verificando qualquer incumprimento de procedimentos por parte de funcionários da Embaixada”, respondeu. “A emissão de vistos Schengen solicitados a Portugal será assegurada provisoriamente pela Embaixada de Espanha em Teerão pelos meses restantes do ano de 2019, esperando-se a retoma das atividades consulares com a possível brevidade”, acrescentou o MNE.
O i questionou igualmente o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) sobre se tinha registado algum caso de vistos portugueses falsos emitidos no Irão, mas este órgão de polícia criminal – com a competência de vigiar e fiscalizar postos de fronteira e circulação de pessoas – encaminhou todos os esclarecimentos para o ministério tutelado por Augusto Santos Silva.