Enquanto Boris Johnson discursava na sua tomada de posse, esta quarta-feira, ouviam-se os ruídos dos protestos contra o novo chefe do Governo britânico. Mas isso não impediu Johnson de se apresentar com a toda a confiança, para “concretizar o Brexit em 99 dias” e reavivar o patriotismo britânico.
“Vamos fazer um novo acordo, um melhor acordo, que maximizará as oportunidades que o Brexit traz, para desenvolver uma nova e excitante parceria com o resto da Europa, baseada no comércio livre e apoio mútuo”, prometeu o novo primeiro-ministro do Reino Unido à porta do número 10 de Downing Street.
Ao mesmo tempo que agradecia à sua antecessora, Theresa May, pelo serviço prestado ao povo britânico, não resistiu a criticar os “últimos três anos de dúvidas sem fundamento” do Governo de May no que toca ao Brexit. Johnson defendeu que era “tempo de recuperar o papel histórico e natural de uma Grã Bretanha empreendedora, virada para o exterior e verdadeiramente global”.
Ainda assim, apesar de assegurar ter “toda a confiança” para concretizar o Brexit até dia 31 de outubro – o prazo de saída da União Europeia -, Johnson acautelou o povo britânico para a “remota possibilidade” de uma saída não acordada, caso Bruxelas o force a tal. O novo primeiro-ministro tocou num dos pontos de maior discordância das negociações do Brexit, apelidando a exigência da UE, de salvaguardas a uma fronteira física com a República da Irlanda, que apelidou de “antidemocráticas”.
Para May, que esteve três anos a negociar com Bruxelas, foi impossível ir além do atual acordo. E o líderes europeus não dão sinais de estarem dispostos a suavizar as posições, por mais que o novo chefe do Governo britânico o exija.
A próxima presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyer, ao congratular Johnson pela tomada de posse, enfatizou “que os próximos tempos serão desafiantes”. Ainda há duas semanas, a antiga ministra da Defesa alemã deu a entender que não iria reabrir as negociações do Brexit. Leyer frisou que as salvaguardas são “preciosas” e que têm de ser defendidas.
Protestos Além dos apupos que se ouviram durante o seu discurso, o primeiro dia de Johnson como chefe do Governo britânico foi marcado por protestos menos convencionais. Durante a madrugada quarta-feira, o grupo de ativistas Led by Donkeys projetou uma imagem no próprio Palácio de Buckingham, onde se lia “Sua Majestade, o seu novo primeiro-ministro é um mentiroso”.
Antes de chegar à residência oficial da monarquia inglesa, para ser recebido pela Rainha Isabel II, vários ativistas da Greenpeace tentaram bloquear a avenida que dava para o palácio. Os manifestantes ambientalistas – maioritariamente mulheres – uniram as mãos ao lado da estrada, enquanto outros abriam um estandarte onde se lia “emergência climática”.
* Texto editado por Vítor Rainho