Setenta mil golas antifumo, entregues pela Proteção Civil no âmbito do programa “Aldeia Segura – Pessoas Seguras", foram fabricadas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização, avança esta sexta-feira o Jornal de Notícias.
Segundo o mesmo jornal, as golas antifumo, que custaram 125 mil euros, "não têm a eficácia que deveriam ter: evitar inalações de fumos através de um efeito de filtro".
Dois oficiais de segurança do distrito de Castelo Branco, que têm como função encaminhar as populações para os locais de abrigo, disseram que a gola em questão, fabricada em poliéster, “aquece muito” e “cheira a cola”. Além disto, os oficiais garantiram ainda ao mesmo jornal que também há problemas com os coletes refletores, também eles fabricados com o mesmo tecido que as golas.
Ricardo Peixoto, representante da Foxtrot Aventura, em Fafe – empresa a quem a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) comprou, em junho de 2018, 15 mil 'kits' e 70 mil golas – afirmou que a proteção civil nunca referiu que o material seria usado “em cenários que envolvem fogo”.
“Se assim fosse, as golas seriam de outro material e com tratamento para suportar esses cenários [de fogo] (…) Juro que achei que isto seria usado em ações de merchandising', referiu.
Em resposta ao Jornal de Notícias, uma fonte da ANEPC disse que os equipamentos não passam de um "estímulo à implementação local dos programas" e "não são um equipamento de proteção individual".
"Estes materiais não assumem características de equipamento de proteção individual, nem se destinam a proporcionar proteção acrescida em caso de resposta a incêndios", justificou.
Recorde-se que o programa "Aldeia Segura – Pessoas Seguras" começou a ser implementado em 2018.