Instalado o confronto entre o CEMGFA e o ministro da Defesa, Vasco Lourenço não deixou passar a polémica. Numa carta a que o SOL teve acesso, enviada por email a vários «associados», o capitão de Abril não poupa críticas sobre a maneira como os «diversos governos» têm tratado as Forças Armadas (FA). Estas palavras surgem num texto escrito no seguimento de um outro da autoria do coronel Carlos Morais Silva, que faz uma reflexão igualmente crítica sobre o «estado a que o Exército chegou», a propósito da «infelicidade de linguagem» do CEMGFA.
O antigo membro da comissão política do Movimento das Forças Armadas (MFA) começa por apontar que os governos têm tratado a Instituição Militar «sempre de uma forma extraordinariamente incompetente, parecendo fazê-lo de propósito».
Mais, Vasco Lourenço diz que quando os primeiros-ministros formam Governo «dão a sensação de andarem à procura de quem não sabe nem tem condições para exercer o cargo de ministro da Defesa», acrescentando que quando encontram alguém incompetente «não hesitam em nomeá-lo».
De seguida, o capitão de Abril assume que acredita que a «preocupação» com as FA é um «assunto de menor importância» para os governos, pois estes só sabem reagir a «cortes de estrada», algo que os militares não fazem.
Recordando o importante papel dos militares na «reconquista da liberdade» e na construção de um «Estado Democrático e de Direito», Vasco Lourenço elogia o facto de estes resistirem aos maus tratos a que são sujeitos.
Pedindo aos militares que garantam que os valores de Abril não sejam colocados em causa, Vasco Lourenço avança com um «apelo» ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e, por fim, ao Governo: «Olhem para as nossas FA como uma Instituição que, para cumprir (como vem cumprindo) as suas missões, necessita que lhe forneçam as condições indispensáveis a esse cumprimento!».
Antes de terminar, Vasco Lourenço sugere que a «missão» das FA pode ser alargada ao combate aos incêndios: «Naturalmente, as FA não estão preparadas para o combate direto aos incêndios, mas podem ter um papel essencial na prevenção e podem também ter um importante papel no apoio ao combate».
Em jeito de conclusão, admite que podem considerá-lo «alarmista», mas que gostaria que, «no mínimo, se aprendesse com a História!».