Vários deputados de esquerda mostraram-se indignados com a proposta do CDS destinada aos estudantes que não conseguem entrar na universidade. A ideia é que estes alunos possam, numa segunda fase, ter acesso ao ensino público, mas pagando “um preço de mercado”. Assunção Cristas defendeu a criação de “vagas adicionais” e lembrou que isto já acontece com estudantes estrangeiros.
A proposta, apresentada pela líder do CDS e que vai constar do programa eleitoral para as eleições legislativas, foi alvo de duras críticas à esquerda. “Leio nas notícias que o CDS quer que alunos sem vaga na universidade pública possam pagar para entrar. Neste antigo partido democrata cristão, tudo se vende, tudo se compra”, escreveu, na sua página do Facebook, Porfírio Silva, coordenador do PS na comissão parlamentar de Educação.
O socialista Filipe Neto Brandão, vice-presidente do grupo parlamentar, recusou uma proposta que prevê que os estudantes entrem na universidade pública pela capacidade económica. O deputado lamentou que o CDS queira que “quem tenha capacidade económica nunca fique de fora do ensino público, independentemente do desempenho escolar”.
Os bloquistas também atacaram a proposta do CDS. “Um jovem pobre que não consiga entrar no ensino superior fica de fora. Um jovem rico paga e entra. Simples, não é? É simples e, já agora, multiplica as desigualdades sociais já existentes no acesso ao ensino superior. Um insulto ao papel do Estado social. É o CDS atrás da maior carga fiscal de sempre. É a direita a querer voltar a desgovernar o país”, afirmou Luís Monteiro, deputado do Bloco de Esquerda.
O deputado Moisés Ferreira criticou que, para o CDS, o critério de entrada no ensino público seja o dinheiro. “A meritocracia de ter nascido numa família com dinheiro, como é óbvio”, ironizou.