“Lembro-me que uma vez passei-me porque me chamaram de Djaló”

Artista recorda episódio racista

Soraia Tavares recordou, numa entrevista com Fátima Lopes, os tempos de escola e a forma como as crianças podem ser “cruéis” ao relembrar algumas situações em que foi vítima de racismo.

"Lembro-me que uma vez passei-me porque me chamaram de Djaló e queriam instituir que eu ia ser o Djaló da turma, ou seja, ia ser a minha alcunha. Eu passei-me. Mas não sinto que vivi muitas situações de racismo, já vivi algumas, mas senti sempre que ao mesmo tempo os meus colegas gostavam de mim, nunca me puseram à parte. Quando fui para a escola de teatro foi quando senti ainda mais valorizada a questão de ser preta”, começou por dizer, durante o programa Conta-me Como És, da TVI, explicando de seguida que era elogiada pela beleza e pelo seu tom de pele.

"Durante muito tempo, mais do que hoje até, sentia que era uma mais-valia nas audições eu ser preta. De alguma forma, se calhar por não sermos muitas, em teatro musical principalmente, fui a muitas audições em que eu era a única e isso destacava-me", recordou.

Ainda assim, em alguns momentos, a artista confessa que a sua cor de pele nem sempre a ajudou.

 “Na televisão, ou no papel, está lá escrito especificamente que aquela personagem é negra…se aparece uma ‘Joana qualquer’ não se lembram de mim logo. Sinto muito isso. Espero que seja da minha cabeça”, rematou.