A Guarda Revolucionária do Irão apreendeu mais um petroleiro estrangeiro no Golfo Pérsico, anunciou a agência noticiosa iraniana ISNA este domingo. O alegado motivo da apreensão, que terá ocorrido na quarta-feira, terá sido que o navio estaria a contrabandear petróleo para países árabes, apesar de não terem sido apresentadas provas, nem ter sido mencionada a nacionalidade do petroleiro.
Segundo a INSA, estariam a bordo sete tripulantes estrangeiros e 700 mil litros de combustível, equivalente a cerca de 4500 barris – uma quantidade relativamente reduzida, indicando que se trata de um petroleiro pequeno, caso estivesse cheio. O assunto ganha relevância face à recente apreensão do Stena Impero, um petroleiro britânico, algo que aumentou as tensões numas das principais rotas comerciais do globo.
“Os barcos da Guarda Revolucionária estavam a patrulhar a área, para controlar o tráfego e detetar comércio ilegal quando apreenderam o petroleiro”, afirmou à agência Fars o comandante iraniano Ramezan Zirahi. Note Irão tem alguns dos preços de combustível mais baixos do mundo, devido a subsídios estatais e à deflação da sua moeda. Como tal, tem lançado uma campanha contra o contrabando para países árabes, que terá resultado na apreensão do MT-Riah, um petroleiro com bandeira do Panamá.
“Nós e Omã somos os guardiões da segurança do fluxo comercial [no Golfo Pérsico]”, afirmou em entrevista ao SOL o embaixador do Irão em Portugal, Morteza Damanpak Jami. Contudo, esta nova apreensão poderá reforçar as iniciativas dos Estados Unidos e do Reino Unido para criar uma coligação internacional para patrulhar o Golfo Pérsico – algo que as autoridades iranianas já apelidaram como um ato hostil.
“Se o Irão continua este caminho perigoso, terá de aceitar que o preço será uma maior presença militar ocidental nas águas ao longo da sua costa”, alertou o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico na altura da apreensão do Stena Impero, Jeremy Hunt. Se Hunt queria montar uma coligação exclusivamente europeia, o seu sucessor, Dominic Raab, já admitiu que a operação poderá não ser possível sem auxílio norte-americano. E a busca de parceiros continua. “Pedimos formalmente à Alemanha para se juntar a França e ao Reino Unido para proteger o estreito de Ormuz e combater a agressão iraniana”, disse um diplomata norte-americano ao The Guardian . A Alemanha já recusou firmemente a proposta, mas outros países estão a equacionar o assunto, como é o caso da Austrália.