Mais de dois milhões de pessoas estão prestes a morrer à fome no Zimbabué depois de uma seca que afetou as colheitas agrícolas no país. O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas lançou uma campanha humanitária no valor de 300 milhões de euros para ajudar os afetados no país do sul do continente africano.
“Estamos a falar de pessoas que estão a marchar em direção à fome, se não as ajudarmos. Estamos a enfrentar uma seca como nunca vimos antes”, lembrou David Beasley, diretor daquele órgão das Nações Unidas, quando apresentou o programa de assistência, em Harare, capital do Zimbabué, esta terça-feira. De acordo com Beasley, 2,5 milhões de pessoas estão em risco.
A situação é tão desesperada que cerca de um terço da população do Zimbabué, 5,5 milhões de pessoas, precisará de assistência alimentar, segundo um relatório da UNICEF apresentado no passado mês de junho. A seca esgotou todas as fontes de água, deixando mais de dois milhões de pessoas sem água potável.
Para piorar a situação, o país atravessa uma das piores crises financeiras desde que há memória. A inflação galopante está a afetar a capacidade de aquisição de bens alimentares. “A vida está a ficar difícil. Só podemos pagar duas refeições por dia e isso não é bom para a nutrição dos meus filhos. Acho que estamos mais pobres este ano do que em qualquer outro ano”, Roseline Marenyi, uma mãe que teve que reduzir o consumo diário de alimentos devido ao aumento dos preços, à CNN.
Além das recentes colheitas terem sido gravemente afetadas, a escassez de água também atingiu a principal central elétrica do Zimbabué, provocando cortes de energia por todo o território.
O país ainda vive com as marcas da passagem do ciclone Idai em março, que afetou quase 570 mil pessoas e deixou dezenas de milhares sem lar.