"Estava no meu primeiro ano na Universidade da Califórnia e inscrevi-me numa disciplina de estudos de género pela qual me tornei obcecada" começou por escrever a modelo Emily Ratajkowski, de 28 anos, no seu ensaio publicado na Harper's Bazaar de setembro e divulgado online. Conhecida também por ter feito participações como atriz na série 'iCarly' e no filme 'Gone Girl', a jovem explicou, no texto, que se sentiu "chocada" ao entender que percebia "muito pouco" sobre questões de género e esse foi o ponto de partida para examinar a sua própria identidade enquanto mulher.
De seguida, Ratajkowski recordou um episódio que viveu no verão de há dois anos: estava de férias com uma amiga e a namorada desta quando lhe disseram que é "hiper feminina". A afirmação confundiu-a porque sentiu que o comentário simplificava demasiado quem era: "No meu quotidiano, não quero saber se sou feminina, masculina ou o que seja mas sim se sou eu. A observação dela deixou-me constrangida" revelou no texto publicado na publicação que conta com 148 anos de história e cujo slogan é: “a fonte de estilo para as mulheres e as mentes bem vestidas”. Nessa noite, a figura pública pensou naquilo que a torna feminina e chegou a uma conclusão: "Tudo começou quando eu era nova. Lembro-me de ter 13, talvez 12 anos, e desejar vestir soutiens com renda e usar lip gloss. Parecia ser divertido e entusiasmante".
"Agora, que sou uma mulher adulta, continuo chocada por saber que, em 2019, desconsideramos tanto as mulheres que gostam de brincar com aquilo que significa ser sexy" confessou, acrescentando que as mulheres histórica e mitologicamente sempre foram vistas como "ameaçadoras, perigosas e desonestas".
Ratajkowski esclareceu que, na sua perspetiva, "os pêlos corporais são outra oportunidade para que as mulheres exercitem a sua habilidade para escolher", adiantando que não há uma resposta certa ou uma escolha que tornem as pessoas em boas ou más feministas. Com o objetivo de ilustrar o seu pensamento, optou por uma fotografia sua de soutien preto de renda, maquilhagem, brincos, calças e… pêlos nas axilas. "Por vezes, deixar os meus pêlos crescerem é aquilo que me faz sentir sexy" rematou antes de apelar à sociedade que "deixe as mulheres serem aquilo que elas quiserem e quão multifacetadas quiserem ser" para que os preconceitos sejam condenados.