Os hospitais de Beja e Portalegre estão sem Urgência de Ginecologia e Obstetrícia desde esta sexta-feira e, durante o próximo fim de semana, não se realizarão cirurgias no Hospital do Litoral Alentejano por falta de médicos. A notícia foi veiculada pela agência Lusa que contactou fontes dos três hospitais e obteve a informação de que "a falta de médicos especialistas em número suficiente para o preenchimento das escalas de serviço, durante estes dias, inviabiliza o funcionamento dos serviços".
O secretário regional do Alentejo do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Armindo Ribeiro, adiantou à Lusa que "as dificuldades dos hospitais da região para conseguirem fixar médicos não são novas”, no entanto, “a situação tem-se agravado e acentuado nos últimos meses e no último ano”, sendo necessárias “medidas emergentes por parte do Governo”. Ribeiro esclareceu igualmente que urge "avançar com a contratação imediata de médicos" na medida em que não existem "medidas específicas para aumentar o número de médicos nos hospitais e nos centros de Saúde do Alentejo".
É de realçar que, no Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, pertencente à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), a Urgência de Ginecologia e Obstetrícia esteve encerrada, esta semana, entre as 6h de terça-feira e as 8h de quarta-feira pela inexistência de médicos para preencher as escalas. Assim, confirma-se que a situação se repete esta sexta-feira pois o mesmo serviço está "temporariamente indisponível" e prevê-se que se mantenha até às 8h de domingo. "Está encerrado temporariamente. São necessários dois médicos para fazer a escala e o que acontece é que às vezes temos um, mas, como não encontramos o segundo, não podemos ter a Urgência aberta só com um” revelou uma fonte da unidade de saúde anteriormente referida à Lusa.
Recorde-se que, no início de julho, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, expôs o panorama alarmante que se vive nos hospitais de Portalegre e de Beja. Ao jornal Público, o dirigente clarificou: "A situação como um todo deixa-nos preocupados, sobretudo o facto de termos um acesso bastante diferente a cuidados de saúde num território tão pequeno como é o nosso país” e acrescentou que a Unidade de Saúde do Norte Alentejano vive “à custa da prestação de serviços”, sendo que “foram feitas cerca de 200 mil horas em prestação de serviços na unidade de cuidados intensivos, no qual foi gasto 5,5 milhões de euros”.