As previsões para a economia portuguesa apontam para a manutenção do ciclo de crescimento ao longo de 2019, embora a um ritmo inferior ao observado nos últimos anos. Para 2019, a projeção de crescimento do produto interno bruto situa-se nos 1,7%, ligeiramente superior à média da zona euro, que é de 1,2%.
A locomotiva deste crescimento assenta no investimento privado, com uma evolução estimada de 8,7% e no consumo privado, cuja projeção aponta para um crescimento de 2,6%.
Como curiosidade, constatar que apesar de a convergência da economia portuguesa, neste ciclo, ter sido superior à média da zona euro, o produto interno bruto per capita em Portugal, continuará́ a situar-se nos de 60% da media do PIB per capita da zona euro, um valor ainda abaixo ao verificado no início da união monetária.
A economia nacional irá continuar a beneficiar, de um enquadramento positivo, em termos de financiamento, reflexo da política monetária acomodatícia do BCE, e, do que foi o programa de recompra de títulos da dívida pública, com reflexos numa yield curve significativamente baixa e no saldo da balança de capitais.
Nota-se que á semelhança do ocorrido em 2018, o contributo da procura interna, para o crescimento do PIB, será́ superior ao das exportacões, este novo paradigma de crescimento irá resultar num saldo negativo da balança de bens e serviços, já a partir de 2019.
Existem alguns riscos, que se colocam à economia nacional e que podem comprometer as projeções do Banco de Portugal e do Banco Central Europeu.
A situação política em Itália com a iminência de um Governo de extrema direita e as consequências imprevisíveis que daí advêm podem ter reflexos nos juros da dívida, trocas comerciais e clima de confiança de consumidores e investidores.
Indícios de estagnação do mercado imobiliário e turismo poderão comprometer o crescimento e a receita fiscal.
Um Brexit sem acordos de negociação nas várias vertentes, pode igualmente provocar um tumulto nos mercados financeiros e comprometer as recentes condições benignas de enquadramento do financiamento dos estados, empresas e famílias. As trocas comerciais e o clima de confiança também poderão ser abaladas.
A taxa de crescimento da economia mundial deve andar próxima do potencial de crescimento de longo prazo, semelhante ao que sucedia antes da crise dos mercados financeiros de 2008 e dos mercados de dívida soberana na zona euro no período 2010 a 2012.
Em 2020-21, projeta-se que o crescimento estabilize em torno de 3,4%,
Os perigos e ameaças a este ciclo benigno de crescimento da economia global podem advir do agravamento das tensões comerciais China\Estados Unidos da América, com impacto no comércio global e com tumultos nos mercados cambiais, como resultado de represálias de qualquer um dos blocos, não esquecer que a China ainda é um dos grandes financiadores da dívida pública americana e que o dólar ainda é a principal moeda de referência.
A questão política em Itália e extensão a outros países europeus pode constituir o início da inversão de um ciclo benigno de crescimento e estabilidade, o que pode ser agravado por um Brexit sem negociações.