No passado dia 18 de agosto, os EUA testaram com êxito, a partir de uma ilha da Califórnia, um míssil de alcance intermédio (de 500 a 5.000 Km), dos que estavam proibidos pelo Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF) de que os EUA se retiraram há pouco. É claro que o(s) míssil(eis) já estava desenvolvido(s) bem antes da retirada do Tratado…
Agora, outro alto dirigente militar dos EUA vem anunciar que se vai trabalhar para que esse tipo de mísseis tenha características hipersónicas.
Lembro-me quando, há muitos anos, este assunto esteve na berra na Europa, na sequência da colocação, pelos EUA, de mísseis desse tipo na Alemanha, levando a então URSS a decidir passar para ‘resposta automática’ o lançamento dos seus próprios mísseis, já que a rapidez com que os mísseis norte-americanos alcançariam os seus centros de decisão e de implantação nuclear não permitia qualquer atraso com ‘intervenção humana’.
Bastaria um erro técnico nos sistemas de alarme para que a Europa e a Rússia europeia se tornarem numa imensa Hiroshima.
Foi esse perigo e a pressão europeia que levaram à assinatura do INF em 1987. É esse perigo que, a breve prazo, se irá de novo colocar à Europa.
Que fique bem claro: o Reino Unido (RU) não sai de UE para, de novo, se lançar à conquista (económica e financeira) do mundo, como nos seus velhos tempos imperiais. Até porque o ‘mundo’ não está mais à sua espera para nada (ainda por cima depois do processo conspirativo de Hong Kong)!
O RU sai da UE porque, aos seus níveis estratégicos mais elevados já sabe que a ‘Europa’ vai ser sacrificada numa guerra nuclear entre os EUA e a Rússia e, simplesmente, não quer ‘cá’ estar.
A seguir, o que irá passar-se poderá ser:
– Crise económica extensiva como resultado das várias ‘guerras comerciais’ em curso (já a esboçar-se);
– Colapso do sistema financeiro ‘europeu’, através de uma operação semelhante à de 2008, visando abater vários bancos importantes da Alemanha e outros países centrais;
– Degradação da situação política em vários países europeus levando a uma crise profunda da UE e ao ressurgimento de antagonismos históricos (ainda vamos ter saudades da Sra. Merkel!);
– Provocação de segurança grave lançada pelos EUA/RU (a partir da Ucrânia, dos Bálticos, da Polónia ou outros) levando a exacerbar a ‘ameaça russa’ e a necessidade de implantar os novos mísseis de alcance intermédio na ‘Europa Ocidental’;
– Degradação da situação política e militar até ao desencadeamento de operações militares diretas (e nucleares) contra a Rússia;
– Eliminação da Europa do Mapa-mundo civilizacional
Esta ‘sequência de eventos’ teria de ocorrer nos próximos 5-7 anos, findos os quais será bem provável que os EUA não possam já gozar das vantagens estratégicas mundiais de que gozam hoje.
Eu proporia que os nossos PR, 1º M, MNE, MD e altas chefias militares fossem, mesmo que desautorizados pelos EUA/Nato, falar diretamente com os seus homólogos russos, para um melhor entendimento de todas as implicações do fim do Tratado INF, e depois informassem devidamente o povo português a tal respeito.
Seria ainda preferível se essas conversações fossem acompanhadas por altos representantes dos vários partidos políticos, a fim de os dotar de informação necessária a um mais completo esclarecimento da população.
Temos autonomia e coragem política para isso, obviando que tenhamos de engolir como ‘verdades’ quaisquer patranhas norte-americanos e seus lacaios?
Pelo meu lado, se tiver de morrer esturricado gostaria de saber, previamente, as razões que levaram a tal.