No momento em que escrevo, está a ser noticiado que o Dr. Pardal Henriques, afinal, vai a votos. O Dr. Marinho e Pinto – o também advogado que teve artes para se fazer eleger eurodeputado na barriga de aluguer do MPT – lá conquistou o seu joker. Parecem estar bem um para o outro: trauliteiros e demagogos, um género que já causou muitos males ao mundo.
Em tempos, achei piada ao Dr. Pinto, mas só até ao momento em que me apercebi do seu apego ao Parlamento Europeu… que todos os dias critica. Compreende-se a paixão: ganha-se bem, o trabalho não mata, e o Dr. Pinto aprecia o género. Quem o poderá criticar…!
Lá por fora, parece que os eurodeputados se entendem bem uns com os outros e não são dados a insultos, como é moda em S. Bento, embora o povo já esteja habituado ao folclore. Como se diz nas aldeias, ‘os cães grandes mordem-se muito, mas nunca se aleijam’. Por cá, ganha-se é menos, o que empurra os deputados para feios pecadilhos: listas de presença viciadas, viagens ditas em trabalho partidário, residências falsas, para abichar subsídios de deslocação… Coisa pouca, se comparada com a caça grossa que lhes cabe escrutinar nas Comissões Parlamentares de Inquérito.
Pois voltando ao Dr. Pardal, confesso que já lhe chamei, silenciosamente, uns nomes bravos, de videirinho para cima, quando o vi a representar para as câmaras de televisão, ou quando tive de enfrentar as filas para abastecer. Afinal, quem é este sindicalista de aviário, que nunca conduziu um camião? Que interesses o movem? Acumular cargos em outros sindicatos? Ganhar notoriedade para se dedicar à política? A novela das últimas semanas e a confirmação de que o homem se acomodou no PDR, veio pôr a descoberto o óbvio: era esta a agenda escondida do Dr. Pardal.
Uma coisa tenho por certa, se o Dr. Pardal for a votos, terá o meu. Sei como os demagogos são perigosos, mas há alturas em que se impõe ser pragmático. Até mostrar perigo, quando se candidatar terá a minha cruzinha no seu quadrado, já agora, o Dr. Pinto também. Salvo se forem a votos por partidos diferentes – são homens para isso – caso em que a minha preferência irá para o que prometer mais ‘metralha’.
Repito, não aprecio o estilo e continuarei a chamar os piores nomes ao Dr. Pardal, sempre que esteja em risco de ficar sem gasolina, mas o PRD vai ter pelo menos um voto: o meu! Porquê? Porque é um imperativo cívico apoiar quem se dispõe a enfrentar o poder, quando este se torna absoluto. Aí, faz sentido o grito anarquista: ‘hay gobierno? Soy contra! ‘.
Com a oposição metida no bolso do Dr. Costa, e os aliados sem saberem o que fazer com uma greve atípica, a novidade do Verão foi a dificuldade do governo em lidar com o Dr. Pardal, o ’irritante’ que destronou a Dra. Assunção Cristas na lista de ódios do primeiro-ministro.
O meu voto é um modestíssimo prémio para o Dr. Pardal, por ter estragado as férias ao Dr. Costa, mesmo incomodando o resto dos portugueses. Se a oposição não presta… que venham o pinto, o pardal, o melro e o cuco.