O Produto Interno Bruto (PIB) alemão caiu 0,1%, no segundo trimestre, relativamente aos três meses anteriores. Os dados foram divulgados pela agência de estatísticas Destatis, no passado dia 14 de agosto, sendo que esta informação corroborou a expetativa dos economistas: o PIB estagnaria ou caíria. Sublinhe-se que esta situação, provocada pelos resultados negativos nas exportações, representa igualmente uma desaceleração para a economia dos restantes países da zona euro. Cinco dias depois, o Bundesbak, banco central alemão, alertou para o recuo da maior economia europeia.
À agência Lusa, Hans-Joachim Böhmer, diretor-executivo da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã (CCILA), explicou que existe uma probabilidade de recessão, no entanto, é cedo para especular sobre o assunto até porque a Alemanha demonstrou estar preparada para estimular a economia. Naquilo que diz respeito ao impacto em Portugal, na medida em que as empresas alemãs geram pelo menos 50 mil empregos em território nacional, o dirigente foi assertivo: "Não estou a ver um grande impacto nas empresas, será mais nas exportações" acrescentando que "seria pequeno".
É de salientar que a Alemanha é o terceiro mercado para o comércio português de bens e serviços e representou 10,8% das exportações totais no ano passado, de acordo com dados veiculados no site oficial da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). Na ótica de Böhmer, os postos de trabalho deverão manter-se intactos pois as empresas alemãs "valorizam muito os seus trabalhadores e mão-de-obra qualificada". Abordando o período de austeridade, recordou que muitas empresas transferiram os trabalhadores para outras unidades, como a Autoeuropa, com o propósito de evitar a redução dos postos de trabalho.
"Os gastos com viagens são dos últimos que os alemães cortam", isto é, o diretor acredita que mesmo na eventualidade de uma recessão, o mercado turístico não será afetado. "Estou convencido de que o turismo alemão não vai mudar muito", adicionou ainda. Também em entrevista à Lusa, Böhmer deixou claro: "Não estou a ver um recuo do investimento, nem do emprego em Portugal" e esclareceu que também não imagina "uma inversão do investimento". Em declarações, o líder da CCILA evocou as medidas que a Alemanha poderá colocar em prática caso haja uma recessão: "a eliminação do imposto de solidariedade que é pago desde 1991 pela grande maioria dos alemães ocidentais para suportar os custos da reunificação do país" e "o recurso a 'lay-off' [suspensão temporária] e formação como forma de evitar o desemprego são outras medidas que Berlim poderá vir a implementar".