O Papa Francisco vai partir, esta semana, para uma longa viagem por países do sudoeste africano banhados pelo Oceano Índico. Entre quarta e quinta-feira estará em Moçambique. De seguida, no dia 6 de setembro, parte para a ilha do Madagáscar e na próxima segunda-feira estará na Mauritânia. No entanto, só terá tempo para visitar as capitais.
Em entrevista ao Vatican News, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da cidade-estado do Vaticano, referiu que o objetivo da visita do Papa aos três países é de promover a paz e o diálogo. “Primeiro será a insistência no tema da paz e depois certamente o tema do cuidado com a Criação, em consonância com o Laudato si”, salientou Parolin, referindo-se à encíclica de Sua Santidade.
Num vídeo publicado a 30 de agosto em português dirigido ao povo moçambicano, o Papa agradeceu o convite do Presidente da República e lamentou visitar apenas Maputo, capital de Moçambique. “Apesar de não me poder deslocar para além da capital, o meu coração alcança e abraça todos vós, com um lugar especial a quantos [a aqueles] que vivem atribulados [sic]. Desde já, vos queria deixar esta certeza, estais todos na minha oração”, garantiu o líder da Igreja Católica, pedindo “a consolidação da reconciliação para uma paz firme e duradoura”. Esta será a segunda visita de um papa a Moçambique, 30 anos depois de João Paulo II.
Há um mês, o Governo de Moçambique – da Frelimno – assinou um tratado de paz histórico, depois de décadas de hostilidades, com os antigos rebeldes da Renamo, agora maior partido da oposição. “O Papa irá apontar e promover todos os sinais de esperança que existem, todos os esforços que estão ser feitos para a resolução de muitos conflitos, para o desenvolvimento sustentável”, disse o secretário de Estado do Vaticano ao jornal da cidade, acrescentando que o Sumo Pontífice, no contexto de Moçambique, irá “sublinhar a importância do diálogo”.
O Ciclone Idai afetou tragicamente o país em março deste ano, provocando, pelo menos, 600 mortos e deixou outra centenas sem lar, só na Beira, a cidade mais afetada. “Esperava que o Papa viesse e que caminhasse no solo da Beira”, confessou Maria da Paz, de 45 anos, à AFP.
De acordo com a mesma agência de notícias, o Governo fez preparações de primeira ordem para receber a Sua Santidade. O Executivo gastou cerca de 300 mil euros para reparar a catedral de Maputo e as estradas da cidade, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Pacheco.
A Amnistia Internacional aproveitou este anúncio da visita do Papa aos três países africanos para pedir ao líder da Igreja Católica para apelar aos direitos humanos, principalmente em Madagáscar e Moçambique. “Durante os seus encontros com as autoridades malgaxes e moçambicanas, o Papa Francisco terá que abordar as violações dos direitos humanos nos dois países e relembrar os líderes que o mundo está a assistir”, sublinhou Muleya Mwananyanda, diretor da Amnistia Internacional para os países do sul do continente africano. “A voz do Papa Francisco sobre as violações dos direitos humanos pode ser um instrumento poderoso para a mudança”, completou.
O Madagáscar e Moçambique integram a lista dos países mais pobres do mundo – o primeiro em oitavo lugar e o segundo em sétimo, de acordo com o Banco Mundial. O Papa João Paulo II foi o último Sumo Pontífice a visitar Moçambique, em 1988, quando o país estava no auge da guerra civil entre a Frelimno e a Renamo.