Os incêndios que nesta época do ano têm afligido a floresta amazónica serviram como pavio para o reacender de uma luta política, camuflada em supostos interesses ambientalistas, por parte daqueles que, embora se proclamando democratas, não conseguem digerir, e muito menos reconhecer, as vitórias dos que se situam no oposto da barricada em que aqueles se entrincheiraram.
A esquerda totalitária, para quem a democracia somente é legítima quando um dos seus esbirros consegue triunfar nas urnas, teima em recusar-se a aceitar a livre escolha dos brasileiros, socorrendo-se de todos os meios para a contestar nas ruas e envolvendo, nesse tenebroso processo, as mentes mais débeis que ascenderam à governação de muitos países.
Só assim se compreende toda a agitação que varreu, sobretudo, os continentes europeu e americano, apresentado-se como uma tragédia à escala mundial os incêndios que deflagraram na Amazónia.
E toda esta campanha, que insiste em apontar um culpado concreto por uma calamidade que não é nova, assenta em várias mentiras.
A primeira, a de que a Amazónia é o pulmão do Planeta!
A esquerda insiste em sobrepor a ideologia à ciência, pelo que qualquer facto cientificamente provado, quanto antagónico em relação aos seus desígnios, é de imediato desmontado com base em argumentos ideológicos.
As florestas, nas quais a Amazónia ocupa uma parcela bastante considerável, mas não, obviamente, única, produzem apenas 27% de todo o oxigénio respirável no mundo inteiro, sendo que, no entanto, as próprias árvores absorvem a quase totalidade desse oxigénio, sobrando, assim, pouco mais do que 1% aproveitável.
O verdadeiro pulmão do mundo em que habitamos situa-se nos mares, atendendo a que as algas marítimas, só por si, produzem 52% do oxigénio indispensável à nossa sobrevivência.
Se os pseudo-ambientalistas estão, de facto, preocupados com a preservação das espécies vivas, sobretudo com a população humana, então concentrem os seus esforços nos oceanos, pois é daí que advêm as ameaças à conservação da natureza.
Naturalmente que os incêndios que se espalham em solo brasileiro representam um perigo real para a saúde do Planeta, considerando os gazes de carbono que expelem. Mas esse fenómeno é transversal ao mundo inteiro, incluindo Portugal, possuidor do triste recorde de maior percentagem de área ardida em toda a Europa.
Segunda mentira, a de que os incêndios que percorrem a Amazónia brasileira são os maiores de que há memória e de que são consequência das políticas impostas pelo presidente que os brasileiros, em plena liberdade, escolheram para os dirigir.
Nada mais falso, porque todos os anos por esta altura, na época mais seca do território sul-americano, parte considerável da Amazónia arde, fogos esses que acabam por ser dominados pela própria humidade da floresta. E anos houve em que a percentagem da área ardida foi bem superior à registada no corrente ano.
Bolsonaro é tanto culpado dos incêndios amazónicos como Costa é responsável pelo inferno de Pedrógão, como Macron deve ser criminalizado pela destruição de Notre Dame, como a Suarez devem ser prestadas contas pela devastação das Canárias, e por aí adiante.
Terceira mentira, não é apenas a Amazónia brasileira que arde, mas também, e em proporções bem mais calamitosas, a que se estende por território boliviano.
Apesar desta irrefutável realidade, não se ouviu uma única voz de reprovação pelas políticas florestais implementadas pelo governo da Bolívia, nem sequer um simples clamor de preocupação ambiental pelos incêndios que ali se propagam descontroladamente.
É com se não existissem!
Para os mais ingénuos será, certamente, uma ocasional coincidência que este silêncio se reporte a um dos poucos países que têm na chefia do estado um marxista convicto, logo, um inimputável aos olhos da tendenciosa opinião publicada.
Quarta mentira, a Amazónia brasileira não é propriedade de todos! Pertence, por direito próprio e corroborado nas leis e tratados internacionais, ao Brasil.
O ser património da humanidade, como o são, aliás, todas as maravilhas da natureza, não retira um milímetro que seja da exclusiva responsabilidade das autoridades brasileiras em gerir toda aquela área, em conformidade com as leis por elas legitimamente aprovadas.
Por isso as declarações de Macron, ao referir-se à Amazónia como sendo nossa e exigindo a aplicação de sanções internacionais ao Brasil, não passam de uma chauvinista monstruosidade, saídas da boca de um ser menor a quem os franceses, para seu calvário, e como consequência do seu voto, estão condenados a aturar.
Além de mais sabe-se, sem margem para dúvidas, de que a preocupação do presidente francês não assenta no meio ambiente, mas apenas e só no receio do que poderá colher junto dos seus agricultores com a iminente aprovação do tratado da Mercosul, razão pela qual se prontificou, de imediato, em o denunciar, desculpando-se com represálias punitivas pelo suposto descontrolo dos fogos na mata amazónica.
Imagine-se o terramoto que por estas bandas se teria instalado, quando permitimos a destruição do Pinhal de Leiria, se Macron se tem lembrado, então, de vir a terreiro pedir sanções contra Portugal e reclamando também como sua a nossa floresta.
Perante este ignóbil ataque à soberania nacional de um Estado independente, Bolsonaro reagiu conforme se impunha ao primeiro responsável pelo garante da integridade territorial do País que o elegeu. Exigiu desculpas ao seu homólogo francês e recusou, com coragem, a esmola com que este lhe acenou.
Macron, pelo contrário, esteve igual a ele próprio: choramingou, escudando-se numa suposta deselegância com que Bolsonaro brindou a sua mulher, através de um comentário postado numa rede social.
E aqui surge mais uma mentira, porque no referido post, que não é da autoria do presidente brasileiro, mas sim de um seu ministro, não aparece nenhuma observação, escrita por Bolsonaro, insultuosa para com a primeira-dama francesa, mas tão só a frase “não humilha mais o cara”!
Ou seja, procurou pôr água na fervura e não atear ainda mais o fogo.
Macron tem todo o direito a escolher para si a mulher com quem quer partilhar a sua vida, mesmo que esta tenha idade para ser sua Mãe. Não tem é o direito de se aproveitar dessa condição para se vitimizar e misturar assuntos caseiros com relações entre Estados.
Numa era em que o humor está cada vez mais sarcástico e em que ninguém está imune a dele ser figura de cartaz, quem se envolve na causa pública tem que ter arcaboiço suficiente para aguentar as investidas de quem tenta ter graça.
Assim se distinguem os políticos com fibra dos choramingões!
Pedro Ochôa