A organização Equalia apresentou esta segunda-feira uma queixa crime contra o matadouro Cárnicas Selvánes, em Madrid, por abuso de animais. A organização acusa a empresa de violar a lei europeia do Bem-Estar Animal e de anomalias nas condições de higiene.
As imagens, capturadas por uma câmara oculta e cedidas pela organização e publicadas pelo jornal El País, mostram os trabalhadores a colocarem-se em cima dos animais. As imagens capturaram também os trabalhadores a atirar e espancar cordeiros. Os trabalhores têm que, inclusive, pegar em alguns animais por já não se aguentarem em pé.
O matadouro em causa, que fica a sudeste da região de Madrid, em Villarejo de Salvanés, faz parte de uma empresa familiar, administrada por três irmãos. No local são abatidos cordeiros, ovelhas, vacas e cabras, e posteriormente consumidos na região de Toledo, a sul da capital espanhola.
Até ao início deste ano, a empresa possuía certificado Halal, o que significa que, em certos lotes, o matadouro sacrificava os animais segundo a religião islâmica – apenas os animais saudáveis e que estejam em boas condições de higiene são abatidos.
As imagens captadas pelas câmaras, entre junho e setembro deste ano, mostram, no entanto, o contrário – más condições de higiene e animais que já nem estão em condições de se levantar.
A lei europeia do Bem-Estar Animal prevê que um animal que não possa andar não deverá ser arrastado ou transportado para o local da matança. Sendo assim, os animais que, no vídeo, não conseguem aguentar-se nas quatros patas, deveriam ser mortos nesse mesmo local. As imagens capturam no entanto, o animal a ser arrastado pelos trabalhadores.
Para além da denúncia de irregularidades como esta, a Equalia faz campanha para a “implementação progressiva de câmaras de vigilância em matadouros”, com o objetivo de ajudar ao cumprimento dos regulamentos impostos pela lei europeia.
O coordenador geral da organização que avançou esta semana com a queixa crime afirmou que a Equalia pediu “que sejam instaladas [câmaras] onde houver manipulação de animais vivos e que as imagens sejam armazenadas por um mês em estrita conformidade com a lei de proteção de dados”. Para além disso, a organização pede ainda que as imagens sejam “analisadas pelo mesmo operador de serviço de segurança alimentar da comunidade de Madrid”. Este é um sistema que já está implementando em países como Inglaterra, Escócia ou Israel – este último para onde Portugal exporta também animais vivos.
A Comunidade de Madrid considera, no entanto, que a obrigatoriedade da instalação de câmaras nos matadouros é uma decisão que tem que ser tomada pelo Estado.
Além das inspeções diárias que a lei prevê, também são realizadas auditorias dos procedimentos de trabalho estabelecidos pelos próprios trabalhadores dos matadouros, que incluem “aspetos de higiene e bem estar-animal”, explica uma fonte do Ministério da Saúde de Espanha ao jornal El País. No matadouro Cárnicas Salvanés essa auditoria realizou-se em agosto.