Um caixote do lixo queimado, familiares em protesto por não poderem fazer a visita habitual de sábado no Estabelecimento Prisional de Caldas da Rainha e um plenário dos guardas prisionais interrompido pela diretora do Estabelecimento Prisional de Odemira. Em traços gerais, estes foram os incidentes que ocorreram durante o fim de semana nas prisões, causados pela greve dos guardas prisionais.
A paralisação termina esta segunda-feira às nove horas e acabou por não ter o impacto desejado. A informação foi confirmada ao i por Jorge Alves, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) que adiantou que a paralisação já estava condenada mesmo antes de começar. Em causa está o despacho emitido pelo diretor-geral dos serviços prisionais com o objetivo de “lançar o terror com ameaça de processo disciplinar e ausência ilegítima”, disse Jorge Alves.
Uma vez que a estrutura sindical entregou o pré-aviso de greve no dia seis de setembro e a paralisação começou na passada sexta-feira, dia 20, o diretor-geral dos serviços prisionais considerou que não foi respeitado o período de 10 dias úteis entre a entrega do pré-aviso e o começo da greve. Por isso, a greve contra a avaliação e o congelamento da carreira dos profissionais pode ser considerada ilegal e os guardas prisionais que aderiram podem ser responsabilizados. “Uma atitude agressiva”, disse Jorge Alves relativamente ao despacho emitido.
Em Sintra, por exemplo, o sindicato aponta para uma adesão de 100% dos profissionais no sábado. Este domingo, a adesão foi pouca e as visitas decorreram normalmente. “Como não houve serviços mínimos, cumpriu-se o que estava previsto no pré-aviso: tudo o que diga respeito a alimentação dos reclusos, à saúde, à higiene e, no caso de alguma decisão judicial do juiz de instrução de penas para dar precária, executava-se”, garantiu o presidente do sindicato.
Já no sábado, não houve visita devido à realização de um plenário sindical dos guardas prisionais, que decorreu a nível nacional. Na prisão de Caldas da Rainha, como os familiares não tinham sido informados, houve protestos à porta da prisão e os reclusos chegaram a queimar um dos caixotes do lixo. Em Lisboa e Sintra, os reclusos recusaram voltar para as celas em forma de protesto pela falta de visitas. No Estabelecimento Prisional de Odemira, Jorge Alves relatou que o plenário sindical foi interrompido e acabou mais cedo por imposição da diretora da prisão.